Herman José é um dos grandes comediantes de Portugal. Inventor de personagens sem igual, músico e apresentador de vários programas que encheram as nossas casas durante muitos anos.
Ao Cultura Activa, Herman José demonstrou que o talento também pode ser sinónimo de humildade.
1- Foi um dos grandes inventores da comédia em formato sketch em Portugal. De onde surgiu esse seu gosto pela comédia?
Desde de que me conheço. Sempre resolvi tudo com uma gargalhada. Aquilo que era antes uma arma de defesa, passou aos 19 anos a ser profissão. Entrei numa revista do Parque Mayer ( Uma no Cravo, Outra na Ditadura) como músico. Saí como actor.
2- Quais foram as suas referências na área da comédia?
A minha principal referência foram sem dúvida os Monty Python. São ainda hoje incontornáveis. Também gostava muito do Benny Hill, e sou um fã da escrita e da direcção de actores do Woody Allen.
3- Tendo em conta tudo o que se tem passado, o que tem a dizer sobre o panorama cultural em Portugal nos dias de hoje?
A cultura de hoje em dia está um pouco como o resto do País: pobre, pretenciosa, pertença de alguns espertalhões, e fechada sobre si própria.
4- Acha que é mais difícil fazer comédia actualmente? O público tornou-se mais exigente?
Na minha opinião a maioria do público não é exigente. É até bastante primária, como se pode ver por certas audiências. Mas há felizmente muita concorrência entre os humoristas mais novos, o que faz com que a fasquia tenha subido em termos de conteúdos, mais até do que em termos de interpretação.
5- De todo o seu percurso profissional, qual foi a etapa que lhe deu mais prazer?
A minha fase mais feliz foi no principio dos anos noventa: um concurso diário onde me divertia que nem um doido (A Roda da Sorte) e um concurso semanal onde pude entrevistar as pessoas mais interessantes do País (Parabéns).
6- Que medidas é que deveriam ser tomadas para desenvolver a cultura em Portugal?
Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. Por outras palavras, sem investimento não há cultura.
7- Quais são os seus comediantes preferidos?
Hoje em dia, os Little Britain (David Walliams e Matt Lucas), o velho Don Rickles, o Hubert Humphries (com a sua personagem Dame Edna), o Jay Leno (apesar dos altos e baixos), e a veterana Joan Rivers.
8- Fale-nos um pouco dos seus gostos pessoais nas diversas áreas culturais.
Gosto de jazz, de boa ficção científica e de séries policiais inglesas (Agatha Christie e Companhia).
9- Se tivesse completa liberdade, que tipo de programa é que gostaria de fazer?
Voltava a 1998, e repunha o "Herman 98" no São Luiz.
10- Fale-nos um pouco da sua ligação com Azeitão.
Vim para Azeitão por falta de dinheiro. Gostava da Quinta da Marinha, mas não tinha dinheiro para gastar em espaço (lembro que tenho o privilégio de viver em 60 000 metros quadrados a meia hora de Lisboa). Quase 30 anos depois de ter tomado a decisão, não trocava Azeitão por lugar algum. Passou a ser a minha Pátria.
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