Joaquim Nicolau é um conhecido actor português. Distinguido principalmente na televisão, Joaquim Nicolau participou em Malucos do Riso e foi também um dos pioneiros do teatro de máscaras em Portugal.
1- É presença assídua na televisão e cinema dos últimos anos. Além disso ainda faz teatro. De onde veio esse seu gosto pela representação?
Surgiu de forma espontânea, visto que no meu ambiente familiar havia uma disposição para encarar o teatro de uma forma natural e necessária. Não havia televisão, e o cinema era escasso visto viver numa aldeia do interior de Portugal. Tendo a companhia da rádio, era natural deixar-me cativar pela fantasia das radionovelas (que pena terem desaparecido!), onde aprendi a ouvir e a sonhar com o que de melhor havia na literatura portuguesa. O meu imaginário muito deve a esse género “teatral”.
2- Fazer drama ou comédia são situações completamente diferentes. Como se prepara para cada um deles?
Sendo realmente dois géneros diferentes, não têm diferença nenhuma na sua apresentação nem na sua preparação. Os métodos são os mesmos e deverão ser respeitados para que tenham êxito perante o público.
3- Como foi a sua experiência nos “Malucos do Riso”?
Foi bastante positiva, além de ter trabalhado com grandes profissionais, diverti-me muito e isso é de saudar, pois quando fazemos aquilo que gostamos e nos divertimos, significa que o espectador também se diverte. E creio que isso foi demonstrado pelas grandes audiências que esse programa teve ao longo de muitos anos.
4- É um dos impulsionadores do teatro de máscaras em Portugal. Como nasceu o grupo responsável por esse tipo de teatro em Portugal, “Meia Preta”, e como conseguiram cativar o público?
Tenho pena de não trabalhar mais assiduamente a “máscara”, sobretudo com um grande amigo meu e grande dinamizador do Teatro de Máscara e Comédia Del’Arte em Portugal – Filipe Crawford, com quem fui um dos co-fundadores do Grupo de Teatro Meia Preta. O Grupo surgiu devido a uma necessidade de haver um grupo que se dedicasse a este género de Teatro. A aceitação foi bastante forte, talvez por isso mesmo – por sermos originais. Creio que o público tem vindo a ser cativado não só pelo Filipe mas também por outros grupos que apareceram entretanto, como foi o caso do Teatro Meridional, do Nuno Pino Custódio e do André Gago.
5- Entre a televisão e o cinema, o que prefere e porquê?
Acima de tudo gosto de representar e interpretar, sendo ela em forma de teatro, cinema ou televisão. Mas admito que tenho um interesse particular na comunhão directa com o publico, e talvez por isso o teatro esteja em primeiro lugar, mas o cinema cativa-me bastante porque obedece a parâmetros tanto de produção como de criação que se aproximam muito da minha maneira de estar como actor.
6- De uma forma geral, descreva-nos um pouco da sua visão sobre a actual cultura em Portugal.
Creio que seria necessário mais empenho de todos nós, mas acima de tudo do Governo, pois como constantemente se vê nos vários orçamentos gerais de Estado, ao longo destes anos todos, a Cultura nunca chegou a 1%. Por aqui se pode avaliar a importância que nós nos damos. Como é possível uma sociedade melhorar se não tiver acesso à Cultura e à Educação de uma forma equitativa? Seria bom que nos questionássemos porque é que numa Europa tão vasta, nós somos um país com uma deficiência cultural tão grande em relação aos outros.
7- Que áreas culturais destacaria como as que estão numa melhor posição actualmente em Portugal?
Creio que todas, pois só o facto de enfrentarem tantas dificuldades para se poderem exprimir e expor, já as torna verdadeiramente vencedoras e dignas do nosso apreço, mesmo que por vezes nos esqueçamos delas.
8- Fale-nos um pouco dos seus gostos pessoais.
Gosto de tudo o que tenha a ver com a sociedade onde me insiro. Os meus gostos culturais vão desde a música à gastronomia, desde o popular ao erudito, pois acima de tudo gosto da relação que o ser Humano estabelece com tudo o que o rodeia.
esta e a melhor entrevista ate agora. ganda joaquim nicolau!
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