Cultura Activa

Entrevistas a várias personalidades ligadas à cultura

Monday, October 25, 2010

Alice Vieira

Alice Vieira é um dos grandes nomes da cultura portuguesa, nomeadamente na escrita para os mais jovens. Contudo, a sua obra é marcada por livros fascinantes também para adultos, tendo uma enorme projecção a nível nacional e também internacional. O Cultura Activa volta ao activo com aquela que é uma das melhores entrevistas até à data, obra da simpatia de uma grande senhora de Portugal

de 1- Em que momento da sua vida é que decidiu ser escritora e jornalista? De onde surgiu esse gosto pela escrita?

sds Jornalista, desde sempre. Não me lembro de nenhum momento especial, eu era muito criança e já dizia que queria ser jornalista. Em minha casa sempre entraram muitos jornais, as tias que me criaram sempre disseram que eu tinha aprendido a ler (sozinha…) nas letras gordas dos jornais…Não me lembro. Mas nunca me lembro de ter querido ser outra coisa. Escritora—nunca me passou pela cabeça… E só muito tardiamente admiti que era (também) a minha profissão. Eu já tinha uns seis ou sete livros publicados e ainda pensava “um dia deixo os livros, isto não é a minha vida, trabalho tenho eu que chegue no jornal,” etc, etc… Mas ainda hoje , quando me perguntam a profissão, eu digo: “sou uma jornalista que também escreve livros. Porque o jornalismo tem tudo a ver como meu tipo de escrita, a escolha de temas, etc.

2 w 2 - É considerada uma das mais importantes escritoras de literatura infanto-juvenil. De onde surgiu o gosto pela escrita para os mais pequenos ?

ww Comecei a escrever para os mais pequenos por brincadeira. Estava de férias com os meus filhos (na altura com 9 e 10 anos) e, para ver se eles se entretinham com alguma coisa, propus-lhes escrevermos os três uma história. Tínhamos 20 dias para isso—era o tempo que eu tinha de férias…Eles aceitaram a ideia com grande entusiasmo—e assim nasceu “Rosa, Minha Irmã Rosa”. Depois continuei nessa área, por uns tempos. Hoje escrevo para todas as idades.


3- 3- Escreveu também obras direccionadas para os adultos. Entre a literatura juvenil e a adulta, qual prefere e porquê?

Hoje tenho realmente muitos livros para adultos, entre poesia, romance, crónica. Não estabeleço preferências, estabeleço corresponder ao que as 5 editoras para quem trabalho querem de mim. Sou muito profissional. Mas posso garantir que nada me dá mais trabalho do que os livros para crianças. Entre juvenil e adulto faço pouca diferença—e é para estes que tenho trabalhado mais.


4- w 4- Em 1979 recebeu o seu primeiro prémio. Como viu na altura o facto de ser premiada? Como descreve a sua evolução a nível de escrita ao longo dos anos?

Admirei-me imenso! Quando me ligaram para o DN a dizer “ganhaste o prémio”-- eu só perguntei: “prémio? Qual prémio?!” Já nem me lembrava… E realmente apanhou-me desprevenida. A evolução a nível de escrita é o resultado da evolução a nível pessoal : 31 anos depois eu mudei, as crianças mudaram, o mundo mudou, tudo mudou. Claro que a escrita também tinha de mudar : há temas diferentes, maneiras diferentes de os abordar. Mas, no essencial, eu acho que as coisas não mudaram assim tanto (as angústias, os sonhos, os medos,etc…)—e assim se explica que, 31 anos depois, os jovens continuem a gostar de ler “Rosa , Minha Irmã Rosa”, tal como lêem os romances mais recentes.


ww 5- É também fã dos seus livros? Qual foi o livro que escreveu, ou quais, que a tenha marcado especialmente?

Há um anúncio que diz, a propósito não me lembro de quê, “ se eu não gostar de mim, quem gostará?!” E este “gostar de mim” implica um enorme rigor, rasgar, rasgar, rasgar e rasgar sempre antes de encontrar a palavra que se procura. Já me aconteceu deitar fora romances prontos, antes de os entregar ao editor…Releio-os, mais uma vez, e acabo para mandar tudo para o lixo. Eu só entrego um original quando tenho a certeza absoluta de que não sou capaz de fazer melhor.( Por isso me assusta tanto esse terrível facilitismo que atacou este país….) E porque sou tão exigente com todos não tenho nenhum que destaque especialmente: gosto de todos, todos são diferentes, todos me deram imenso trabalho, todos me levantaram muitos problemas. Aqueles de que não gostei…estão no caixote do lixo!


6-w 6- Como vê o actual estado da cultura em Portugal? O que faria para impulsiona-lo? Que áreas artisticas destaca no nosso país?

Acho que nunca houve época alguma no nosso país em que as pessoas estivessem satisfeitas com o estado da cultura…O estado da cultura é o resultado da falta de instrução, da falta de educação, do deixa-andar, do estado lastimável a que chegou o ensino, etc,etc,etc. E toda a gente se lastima, e chora, e acha que os subsídios nunca chegam—mas a verdade é que as pessoas deixaram de comprar livros ( e não, não é pelo preço, há coisas bem mais caras que as pessoas compram e não se queixam; é tudo uma questão de prioridades, e lá dizia o Camões “quem não conhece a arte não a estima”), as pessoas deixaram de ir ao cinema, deixaram de ir ao teatro, ficam em casa de olhos vidrados num écran, seja ele qual for—e assim é muito difícil que a cultura seja, como deveria ser, um bem de primeira necessidade.


7-w 7- Fale-nos um pouco dos seus interesses pessoais, a nível de cinema, literatura, música, etc

Tenho os interesses normais das outras pessoas…Gosto muito de cinema (mas aborrecem-me os filmes que só valem pelos efeitos especiais, daí que um dos últimos que vi e de que gostei muito fosse “Eu Sou o Amor”, sem nada dessas coisas…), de teatro, de música (nada me faz melhor do que descer a minha rua e enfiar-me na Gulbenkian nos concertos ao fim da tarde…). Leio muito, sempre, compulsivamente. Já tenho na mala para férias “A Governanta”, do Joaquim Vieira, “O Que Faço Eu Aqui?”, do Bruce Chatwin, “O Elefante Evapora-se” do Murakami, e “Friday Nights” da Joanna Trollope. O sítio para onde vou não tem livrarias por perto, e morro de medo de ficar sem leitura…

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8-w 8- Fale-nos de um momento da sua infância que a tenha marcado especialmente.

Eu tinha nascido há duas semanas quando a minha mãe decidiu que não estava para me criar e me deu a uma tia-avó. Acho que a minha vida se desenhou nesse dia.


9- Como vê a evolução do jornalismo em Portugal nos últimos anos? Considera que actualmente é mais dificil fazer jornalismo em Portugal?

Se tudo está mal, por que haveria o jornalismo de estar bem? Tudo tem a ver com tudo, e aplica-se aqui o que eu respondi acima, sobre a cultura. Mas, apesar das dificuldades, apesar das incertezas, apesar dos grupos que concentram em si todos os jornais e tvs—não posso esquecer, porque o vivi, que no meu tempo de jornalista jovem tínhamos uma ditadura, uma censura e uma guerra em África. Desculpem, mas nessa altura era bem mais difícil, mais arriscado, mais perigoso.


10- Que conselho daria a quem pretende iniciar carreira na área do jornalismo?

Nenhum. Quem quer MESMO ser jornalista não pede conselhos a ninguém e está preparado para aguentar tudo. Se desistisse depois de ouvir as minhas palavras, era sinal de que se calhar não estava assim com tanta, tanta vontade de entrar no jornalismo...

Monday, June 28, 2010

Pedro Górgia





Pedro Górgia é um actor que nos tem prendido ao ecrã em todos os seus trabalhos ao longo dos últimos anos. Também no Teatro, Pedro é um excelente profissional, tendo trabalhado com Luigi Ottoni em Saragoça e participado em inúmeras peças de Teatro de enorme importância nacional.
Assim sendo, o Cultura Activa decidiu abordar este grande actor, por toda a sua obra e empenho. Venham ver!



1- De onde surgiu o gosto pela representação? Entre televisão e teatro, qual prefere e porquê?
O gosto surgiu aos poucos, conforme fui caminhando na profissão, uma vez que acabei por entrar neste meio sem a intenção de me tornar num actor profissional. Quanto a preferências, na verdade não tenho. Teatro, televisão, cinema, rádio, matraquilhos - o que interessa são os bons projectos e os bons momentos.


2- Iniciou-se no Teatro antes de passar para a televisão. Como foi para si essa passagem a nível de construção de personagens?
Teatro e televisão são dois meios bem distintos. A construção de personagens tem ritmos diferentes e, por isso, quando comecei a trabalhar em televisão - depois de um par de anos a fazer teatro - tive que me adaptar a uma nova forma de trabalhar. Há que esquecer o que se sabe e ter espírito aberto para aprender novos métodos.


3- Trabalhou com Luigi Ottoni em Saragoça. Como foi para si essa colaboração?
Proveitosa. Esses tempos em Saragoça deixaram em mim uma semente que foi germinando e me levaram a apresentar um espectáculo - alguns anos mais tarde - que vivia muito daquilo que aprendi/ vivi por lá. Um espectáculo de comédia física sem palavras chamado "Como Tornar-se Num Fora-da-Lei de Sucesso", que estreou no Teatro da Trindade e que levei um pouco por todo o país.


4- Fale-nos um pouco do seu interesse pela esgrima. De onde surgiu?
A esgrima surge em dois momentos diferentes de trabalho com o mestre Eugénio Roque. Numa primeira oportunidade, fiz um workshop de esgrima artística com ele e, mais tarde, numa coreografia para a peça "Os Maias no Trindade". Não tenho pretenções a ser nenhum mosqueteiro, mas o actor deve, sempre que tem oportunidades para isso, trabalhar para manter a destreza física.


5- Trabalhou em inúmeras séries, com inúmeros actores de topo nacional. Que participações destaca como as de maior importância na sua carreira?
O espectáculo "Trainspotting", estreado na Casa do Artista, marcou-me muito, quer pelo personagem que fiz - "Toti", um dos primeiros de maior composição cómica -, quer pelos momentos vividos. O autor, Irvine Welsh, chegou a estar presente numa das sessões, tendo subido ao palco com uma garrafa de Moe Chandon. O público das primeiras filas que o diga, quando a garrafa rebentou... Em televisão, ainda me lembro com muito carinho da personagem de "Gualdino Júnior" em "Queridas Feras", uma novela muito bem escrita.


6- Como vê o actual estado da cultura em Portugal? Que áreas destaca? O que faria para impulsionar a cultura?
Que dizer? A cultura, neste momento, é feita da "carolice" de uns quantos. Verdadeiros incentivos são poucos e, por isso, não chegam a quem deles, realmente, precisa. Cada vez mais existe um fosso entre o teatro subsidiado e as propostas mais comerciais. Não existe um meio termo. De um lado, as companhias ou projectos com apoios que lhes possibilitam apresentar o que realmente querem - e ainda bem! Do outro, actores que se juntam para tentar apresentar algo que possa captar a atenção do público - nem sempre aquilo que gostariam de fazer - e, assim, rentabilizar um investimento pessoal. Por isso, cada vez mais, os espectáculos "comerciais" - o termo não será o mais adequado... - vão buscar "caras conhecidas" para atrair gente aos teatros. Entre uns e outros, uma quantidade de bons actores não tem onde se encaixar.E prefiro ficar por aqui, porque se começo a falar do cinema...


7- Fale-nos de um momento da sua infância que o tenha marcado substancialmente.
A morte do meu avô. A imagem que tenho é a de entrar na sala de casa e olhar para uma série de gigantes a chorar. Puxava-lhes a roupa, cá em baixo, e perguntava-lhes porque choravam.


8- Fale-nos um pouco dos seus interesses culturais, nomeadamente no cinema, literatura, música, etc.
Lá vou ter que falar de cinema... Estou fascinado com o cinema latino americano. A Argentina e o Brazil - depois dos belos exemplos dados pelo México - estão com um cinema vivo e cheio de força. Espanha, aqui ao lado, tem, realmente, uma dimensão que assusta. Eles sabem viver o seu cinema e os prémios Goya são um exemplo disso. Portugal não tem qualquer verdadeira gala com credibilidade para premiar os seus profissionais do espectáculo. Portanto, sou um apaixonado por cinema, vejo todo o teatro a que consigo deitar a mão e leio um pouco de tudo (sendo que a minha grande paixão é a banda desenhada de autor).


9- Quais são as principais diferenças entre o Pedro que vemos em vários papéis, e o Pedro da vida real?
O Pedro da vida real é bem mais baixo do que parece na televisão. Mas mais magro também... Agora a sério, acho que há algumas diferenças, mas também algumas semelhanças. Todos os personagens levam um pedaço do actor e nós sempre nos tornamos um pouco do personagem - ou aprendemos com ele. Não consigo fazer uma análise muito precisa nesse campo.


10- Que conselho daria a quem pretende seguir uma carreira na área da representaçao?
Antes de mais, frequentar uma boa escola de representação. Algo credível que assegure não só a aquisição das "ferramentas" necessárias para o trabalho de actor, como também a possibilidade de se inserir num grupo de trabalho que, aos poucos, desenvolva projectos nas diversas áreas da representação. De preferência começar-se cedo, para experimentar e errar sem grandes pressões. Ser criativo e ter vontade de partilhar. Ser inteligente e humilde para aprender com os colegas e, bastante importante, nunca ter medo de parecer ridículo.

Friday, June 18, 2010

João Loy




João Loy é actor, encenador e foi a voz do Vegeta na mítica série Dragon Ball. Trabalhou com actores como Nicolau Breyner e Camilo de Oliveira. Está também ligado aos espetáculos de rua e à poesia.
João Loy é uma pessoa bastante ligada às artes do Teatro e da escrita e que tem feito imenso pela nossa cultura. Venha conhece-lo melhor!



1- Qual foi a razão que o levou a ingressar pela representação e encenação? Quando é que descobriu esse talento?
Do que me lembro não houve nada que me levasse à representação. A não ser o facto de em miúdo, tudo o que via no cinema e na televisão ia para a rua às escondidas imitar. Mais tarde no final do 5º ano do liceu houve um professor que quis fazer uma peça de teatro para final de curso e ao pedirem pessoas para participar, claro que me ofereci de imediato, aí sim tive o primeiro momento em que achei que tinha algum talento, pelo menos era o que as pessoas todas diziam. Com talento ou não a verdade é que a partir desse dia nunca mais deixei de representar. A encenação vem muito mais tarde. Eu acho que para encenar ou dirigir actores tens que ter muita prática, conhecer e ser dirigido por muitos encenadores, teres alguma formação...enfim é necessário tempo.


2- É actor e encenador. Qual das duas profissões prefere e porquê? Como vê actualmente a evolução da representação em Portugal e da encenação?
Prefiro as duas. Eu gosto é de estar a trabalhar. Mas ultimamente a encenação está mais activa que a representação. Depois do 25 de Abril houve muita coisa má, justificada pelo experimentalismo, pela vontade de fazer tudo diferente e no meu entender afastámos público das salas de espectáculos. Hoje em dia não, está tudo a voltar ao normal, mas ainda vai levar algum tempo. No entanto como a sociedade também evoluiu muito rápido, com novas tendências, novas linguagens e públicos novos, é necessário um investimento muito maior e demorado. Como em Portugal não se dá a devida importância à cultura, vamos ter de esperar pelo menos mais 10 a 15 anos e aí sim tudo poderá funcionar em harmonia.


3- O seu nome ficou ligado a um dos personagens mais conhecidos de qualquer português que tenha visto televisão nos últimos 20 anos, Vegeta, da enorme série Dragon Ball Z. Como foi para si interpretar um personagem em diferentes fases, acompanhar todo o seu processo evolutivo e acompanhar o enorme sucesso da série? Fale-nos um pouco deste fenómeno, vivido por alguém que trabalhava intimamente nele.
Ainda lhe falam hoje no Vegeta? Gostou de fazer a voz do Vegeta?
Trabalhar a personagem Vegeta foi um grande desafio, sem nos passar pela cabeça no que se viria a tornar. Nós fomos só 6 actores a gravar a série e por isso fomos obrigados a emprestar a nossa voz a várias personagens. Quando o Vegeta aparece na série e me foi pedido para dobrar eu disse ao director de actores: "e agora o que é que eu faço, eu já não tenho mais registos diferentes da minha voz" e a resposta do director foi: "faz com a tua voz normal porque esta personagem deve ser como muitas outras que aparecem só em meia duzia de episódios".
A verdade é que não foram meia duzia, mas sim a série toda.
Ainda hoje os primeiros minutos de um espectáculo meu continuo a ouvir "olhó vegeta", mas adorei trabalhar esta personagem.


4- Entre o Teatro e a Televisão, o que prefere e porquê?
O teatro sem dúvida, mas gosto muito de fazer televisão. No teatro seja qual for o género nós temos a resposta imediata do público. E isso é dos desafios maiores que o actor tem, confrontado de imediato com a opinião e a reacção do público. Em televisão só sabemos meses depois. No entanto o fazer televisão faz com o país inteiro nos conheça e cria a possibilidade de mais trabalho.


5- Fale-nos um pouco dos seus interesses pessoais, nomeadamente na literatura, cinema, música, etc
Ainda hoje sou um grande consumidor dos grandes festivais. Gasto grande parte do meu dinheiro nos concertos ao vivo.
Agora estou a preparar-me para o Super Bock Super Rock.
Leio bastante teatro.
Amo profundamente o "FADO".


6- Como vê o estado actual da cultura em Portugal? O que faria para o impulsionar?
Perdoem-me a expressão, mas cultura num país em que quem nos governa são autenticos ignorantes não pode ser nunca um país culturalmente evoluido.
Eu aprendi muito com um senhor chamado Tony Puig, que para quem não sabe é o grande responsável por Barcelona ser hoje em dia o que é em termos culturais. Mas há uma medida dele que eu gostaria que fosse trabalhada em Portugal. Tal como em Barcelona, no nosso país as pessoas vivem fora dos grandes centros urbanos, e é urgente trabalhar os públicos de fora para dentro porque não podemos continuar a pensar que as pessoas saiem dos empregos, vão para casa e voltam para os grandes centros para verem espectáulos, exposições, ou outra manifestação cultural.


7- Como é produzir um espetáculo de rua? É muito diferente do Teatro feito num espaço fechado?
É um pouco diferente, não na produção mas sim na forma como chegamos ao grande público. Trabalhar num espectáculo de rua tem que ser muito mais visual e menos texto por exemplo.


8- Está também ligado à poesia. Quais são os poetas que mais o inspiram? De onde surgiu o gosto pela poesia?
O gosto pela poesia foi aparecendo ao longo dos anos. Eu lembro-me nos primeiros anos de carreira quando ia ouvir o Mário Viegas num recital eu saía de lá a dizer: "nunca na minha vida direi poesia porque isto é muito dificil e só está para alguns". Mas quantos mais recitais via mais curiosidade tinha de experimentar. Até ao dia que tive de dizer o primeiro poema em palco.
Hoje um dos meus grandes prazeres é estar num palco sozinho, com um monte de poemas e juntamente com o meu técnico, que é quem escolhe a banda sonora. Gosto de imensos poetas, como por exemplo António Botto, José Régio, Al Berto, Cezarini, Sofia, Pessoa... epá são tantos que é melhor parar por aqui.
O gosto pela poesia nasceu quando eu realmente percebi a importância e a força das palavras.

Sunday, May 30, 2010

Marco Horácio


Marco Horácio não precisa de muitas apresentações. Estreou-se na tv ao lado de José Raposo, em Pensão da Estrela. A partir daí foi sempre a subir. Foi durante vários anos apresentador do programa "Levanta-te e Ri" e actor em várias séries e filmes. O seu alter ego. Rouxinol Faduncho, valeu-lhe já também o sucesso musical.
Actualmente vai iniciar um novo programa na SIC, com Diana Chaves.
Venha conhecer um pouco mais deste humorista, actor e fadista!



1- Em que altura é que percebeu que conseguia fazer rir as pessoas? E em que altura decidiu explorar esse caminho?
Percebi que conseguia fazer rir as pessoas com cerca de 13 anos, e decidi explorar essa área com cerca de 19, quando vim para o conservatório em Lisboa.



2- Estreou-se em televisão com "Pensão Estrela", com uma elenco recheado de excelentes actores. Como foi para si essa experiência, tanto a nível de amizade como de trabalho?
Foi bom a todos os níveis. Trabalhei com as melhores pessoas do mundo e com uma das melhores produtoras do país. Aprendi muito e fui muito acarinhado pela Ana Burstoff e um dos meus ícones e mestres, José Raposo.

3- Teve ainda o prazer de trabalhar com Carlos Cunha, Marina Mota, entre outros. Agora passados tantos anos, que memórias guarda dessas participações?
Guardo as melhores recordações, tanto de actores como de outras pessoas fantásticas. Lembro-me que estava nervoso por ir gravar com a Marina Mota e o Carlos Cunha, mas eles puseram-me logo à vontade. Eles têm tanto de talento quanto de humildade.


4- Passou de actor a apresentador. Qual delas gosta mais?
Sou acima de tudo actor, e sobretudo sou perfeccionista, pois gosto de me esforçar ao máximo em tudo o que faço

5- É também conhecido por ter apresentado o programa "Levanta-te e Ri". Como é para si a experiência de fazer rir pessoas? Onde vai buscar essa imaginação? Como viveu a experiência de apresentar esse programa?
É sempre bom fazer rir e conseguir divertir as pessoas, apesar de ser muito dificil, mas quando acontece é mágico.
Foi uma experiência única para mim, que durou 3 longos anos, de norte a sul do país, a fazer serviço público e a trabalhar com pessoas que hoje são referências do humor em Portugal. Quanto à inspiração...temos um país rico em cromos e políticos.


6- Além de tudo isto, é ainda conhecido pelo Rouxinol Faduncho, esse seu alter-ego. Como surgiu a criação desse personagem? O Fado faz realmente parte do seu gosto pessoal? Como tem sido para si a experiência de ser o Rouxinol por esse país fora?
O Rouxinol surgiu no Levanta-te e Ri. Sou adepto de bom Fado desde que me conheço e quis contribuir para a redescoberta do Fado humorístico em Portugal, principalmente nos mais novos, visto que há 30 anos que não se lançava um trabalho do género. Tem sido fantástico! 3 cd's e um dvd ao vivo, 8 programas de TV...e 50 espectáculos por ano! Isto é tudo prova de que o Rouxinol vive por si só. E também tenho uma grande grande equipa comigo na estrada.

7- Fale-nos um pouco de um momento da sua vida que o tenha marcado ou transformado profundamente.
O nascimento do meu filho Guilherme.

9- Partilhe connosco os seus gostos pessoais, nomeadamente na música, literatura, cinema, etc
Sou viciado em dvd's, tenho mais de mil em casa! Música gosto de tudo um pouco e literatura gosto da contemporânea, mas às vezes arrisco-me nos grandes clássicos.


10- Se pudesse escolher uma pessoa para governar o país quem seria?
Escolheria um chefe de família português, já que tem a capacidade de criar filhos, alimentá-los e vesti-los com o ordenado mínimo. Isto é que é gestão!

11- Lançou o livro "Como tourear os espanhóis e sair em ombros". Como foi para si o processo de escrever um livro?
Foi muito divertido, já que sempre quis falar desta problemática e desta realidade cada vez mais presente no nosso Portugal. Já faltou mais para nos anexarmos à Espanha!


12- Para esta última questão, vou-lhe pedir que deixe um conselho a quem pretende seguir carreira na televisão.
Não se deixem iludir com a fama e com o dinheiro, e acima de tudo estejam preparados para trabalhar, para se manterem sempre firmes, não venderem a alma e acima de tudo trabalharem primeiro para o público. Temos a responsabilidade social quando fazemos televisão. Não podemos por egoísmo, simplesmente ignorá-la. E acima de tudo, divirtam-se com tudo o que fazem e acreditem!


Wednesday, May 26, 2010

Alexandra Figueiredo


Alexandra Figueiredo é inevitavelmente a caracterização física da denominação "Sex Symbol". Mas desengane-se quem pensa que o seu valor fica pela beleza exterior. Alexandra Figueiredo é licenciada em Comunicação Empresarial e Relações Públicas. Tem a sua própria agência de Comunicação - Alexandra Figueiredo, Comunicação e Relações Públicas.
Participou no programa "Às duas por três" na SIC, e ainda em "Maré Alta" e "Malucos do Riso".
Além de tudo isto é embaixadora da marca "Hollywood Nails" em Portugal. E ainda há tanto mais para descobrir sobre esta amante de Comunicação. Venha descobrir com o Cultura Activa!



1- É apaixonada pela comunicação, sendo relações públicas. De onde surgiu esse seu gosto? Concretamente, qual é o seu papel como relações públicas?
O meu gosto pela comunicação começou desde cedo, quando no 10º ano tive um professor de jornalismo que era tão apaixonante na forma de se expressar que contagiava! A par disso sempre fui muito boa aluna a Português e com um gosto enorme pela escrita e leitura.
No final do meu 12º ano já não tive dúvidas... A minha primeira opção foi Comunicação Empresarial e Relações Públicas na Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa, onde fiz o curso.
Aí aprendi, de facto, o que é a actividade das Relações Públicas e, que é muito mais completa, interessante e exigente que se possa pensar. Ser Relações Públicas não é só convidar para uma festa numa discoteca!
Actualmente tenho a minha própria Agência de Comunicação - Alexandra Figueiredo, Comunicação e Relações Públicas, que me ocupa grande parte do dia e que me dá um enorme prazer ver crescer!


2- Como foi para si a participação no programa "Às duas por três"?
Esse foi um programa com muito impacto na minha carreira, pois era um programa em directo na SIC, todas as tardes de segunda a sexta e com um público muito fiel. Marcou-me muito, quer pela equipa, como pela minha crescente importância no papel que desempenhava e que me garantiu a confiança das pessoas que apostaram em mim. Era um programa muito divertido com o José Figueiras, que ainda hoje admiro como amigo e profissional. Antes deste programa, trabalhei na TVI, com participações em diversas novelas como actriz, nos especiais que eram feitos pelo país durante o verão e num programa que também dava durante as tardes que era "A Vida é Bela", apresentado, na altura, pelo Carlos Ribeiro. Até à minha entrada na TVI, as minhas participações em televisão eram a cantar.
Entretanto apresentei durante 4 anos um programa sobre Astrologia que me permitiu crescer em frente às câmaras.

3- Maré Alta e Malucos do Riso foram outros dois programas onde participou. Que recordações guarda de ambos os programas? Tanto a nível de representação, como de pessoas com que trabalhou.
De facto sempre gostei de aceitar os desafios que me eram propostos e, enquanto estive na SIC, muitos foram os programas nos quais entrei, nomeadamente os dois que referiu, assim como a série "Camilo em Sarilhos", "Camilo a Presidente" ou mesmo a série de Apanhados da SIC, na altura com o Nuno Graciano e Nuno Eiró, que foi, muito provavelmente, o programa que fiz até hoje em que mais me diverti.
As equipas de trabalho em todos estes projectos eram fantásticas e os actores ensinaram-me imenso... alguns deles mais velhos e que, infelizmente, já não estão entre nós.

4- Foi também apresentadora de um programa no canal "Viver". Como foi para si ser apresentadora? Foi de certo uma experiência muito diferente da vivida nos Malucos do Riso.
Muito diferente mesmo! Nos Malucos do Riso estava como actriz convidada, tinha textos, desempenhava várias personagens e assumia uma postura de comédia, onde todas as expressões são levadas ao limite, para caracterizar e marcar bem as personagens. No programa que começou por ser transmitido no canal Viver e depois passou para um canal generalista, o meu papel era de apresentadora e moderadora entre um convidado fixo e pessoas reais que ligavam em directo e que, regra geral, tinham problemas graves. Por aqui se vê, que a minha postura não podia ter nada de cómica ou falsa. Pelo contrário, até cheguei a emocionar-me em directo. Nesse programa fui muito eu. Muito genuína!


5- Está actualmente no canal Benfica. Qual é a sua ligação ao clube? Como é para si trabalhar num canal objectivamente desportivo?
A minha ligação ao Benfica é de Amor incondicional à camisola! Sou benfiquista assumida e quase a roçar o "doente". Não gosto de falar de outros clubes e confesso que as piadas em torno do Benfica me caiem mal... :)
Defendo o meu clube, por ser o melhor do Mundo, como se defende a nossa casa ou família.
Entretanto, a minha presença mais marcada no clube, começou quando fui conhecendo pessoas que lá trabalhavam e que foram apostando em mim. Não perco um jogo e este ano, estou, como todos os adeptos, de "barriga cheia" e com a alma em euforia!
Adoro desporto no geral, e de diversas modalidades e uma coisa que gostava imenso, era de ter uma crónica semanal no Jornal A Bola!

6- É também organizadora de eventos. Descreva-nos um pouco dos eventos que costuma organizar e da preparação antes de cada evento.
A organização de eventos vem por inerência à actividade da minha agência. Na minha agência de comunicação, trabalho a conta de um cliente a nível de assessoria mediática, comunicação interna e externa, o que muitas vezes implica a apresentação de um produto ou serviço a alguns convidados especiais e media. Isso implica a escolha detalhada de tudo e a organização ao pormenor de datas, horários, o local, o convite, as pessoas certas a convidar, o follow-up, o catering, a decoração, a animação, os audiovisuais, o gift, etc... Adoro o que faço!
Mas o evento não acaba no dia em que acontece como se possa pensar, há ainda o pós-evento que passa pelo acompanhamento e certeza da satisfação dos media e convidados presentes e, claro, o cliente em causa.


7- É embaixadora da Marca Holywood Nails em Portugal. Como tem sido para si essa experiência, tendo em conta que representa uma marca de prestígio internacional.
Tenho a minha imagem associada à Hollywood Nails à cerca de 1 ano e estou super satisfeita. O convite foi-me feito directamente pelo Bruno e pela Cila, os master-franshising da marca em Portugal e a partir daí temos tido uma óptima relação quer profissional, como de amizade. São pessoas muito afáveis e muito profissionais e a qualidade, quer dos produtos, como do serviço é cativante.
A Hollywood Nails tem um leque de opções, não só na arte das unhas, mas também noutros métodos, como extensões de pestanas e cabelos.
A par disso, já organizei com a Cila e o Bruno a inauguração da primeira loja em shopping, que foi em Junho do ano passado no Colombo.
Aconselho todas as pessoas que gostem de estar bem, bonitas e com umas mãos arranjadas, a irem à loja da Av. de Berna. A satisfação é garantida!

8- Fale-nos um pouco dos seus gostos pessoais, nomeadamente no cinema, literatura, música, etc.
Como disse, sempre gostei imenso de ler, desde muito nova. A leitura faz parte dos meus prazeres diários e os temas são diversos. Tanto posso ler romances, como textos técnicos, porque sou muito curiosa. Gosto de ler sobre medicina e tecnologia.
A primeira coisa que faço quando saio de casa é tomar o pequeno almoço na pastelaria da minha rua e ler os jornais generalistas e desportivos do dia, a par das revistas sociais. Sei, até pela profissão que tenho, a data de saída de todas as revistas e não descuro essa meia hora de leitura logo de manhã. As coisas mais técnicas deixo para o final do dia. Sou incapaz de começar a ler um livro apenas... tenho sempre na mesa de cabeceira três diferentes que vou alternando mediante o estado de espírito dessa noite. Uns são de leitura mais leve para os dias em que me sinto mais cansada, outros mais profundos quando tenho mais tempo.
Quanto à música não vivo sem ela desde pequena. Acho até que o meu caminho profissional de hoje, se deve à música, porque desde os 5 anos, quando os meus pais me puseram a cantar no Coro de Santo Amaro de Oeiras, que fiquei apaixonada por este meio artístico. Depois fiz rádio, cantei com outros cantores, fiz coros para diversos artistas, como por exemplo o Tony Carreira, participei durante 4 anos num grupo que eram os Pop Kids, e daí até ficar com o bichinho do palco e da exposição, foi um pulo!
Para além da leitura e da música, adoro cinema e teatro. Vou uma vez por semana a um espectáculo ou filme. Adoro tourada e tudo o que são programas desportivos.


9- Como vê o actual estado da cultura em Portugal? O que faria para o impulsionar? Que áreas artísticas destaca em Portugal?
Creio que estamos a desenvolver essa área muito bem e cada vez melhor. O que acho que falta é divulgação junto do público em geral. As entidades competentes esforçam-se para que existam espectáculos de qualidade, a questão é que muitas vezes não chegam ao conhecimento do grande público. Depois, mudaria o preço de alguns bilhetes para certas exposições, bailados, etc. Os apoios nesta área são muito importantes.
De qualquer forma, destaco o empenho das entidades locais e autarquias que são muito mais rigorosas nesse sentido.


10- É uma mulher multifacetada, um exemplo de sucesso em várias áreas. Como tem sido para si gerir tantas áreas distintas? Que conselho daria a quem pretende seguir algo relacionado com a comunicação?
É verdade que me dedico a inúmeras áreas. Para além da agência, trabalho em moda, em televisão, sou Repórter da Cabovisão, o que me permite andar por todos os pontos do país a fazer reportagens em eventos ou festas marcantes, faço apresentações em eventos corporate, desfiles de moda, etc. Mas tudo isto se deve a muito trabalho diário, a uma dedicação quase exclusiva à profissão e à motivação que tenho cada vez que sei que vou fazer um trabalho. Acordo todos os dias motivada, feliz e agradecida por ter trabalho, por ter pessoas que confiam no meu profissionalismo e por estar bem de saúde para poder continuar.
Um conselho? Dedicarmo-nos à actividade que gostamos, seja a comunicar, a dançar, a pintar ou a gerir uma empresa.


Wednesday, May 19, 2010

Marina Mota

Marina Mota é uma das caras mais conhecidas da televisão nacional dos últimos anos. Actriz, cantora e produtora, Marina deu-nos a conhecer personagens inesquecíveis, enquanto cantava o seu Fado.
Em jeito sério, mas sempre com alguns tons de humor, Marina relata-nos episódios passados, vivências para sempre lembradas. É difícil ficar indiferente àquela que é um dos grandes rostos do humor português.


1- Tem um jeito natural para a comédia e representação. De onde surgiu o seu interesse por fazer rir os outros e por representar diversos personagens? Como é interpretar tantas personagens diferentes? Fale-nos um pouco desse processo e de como se desenvolveu ao longo da sua vida.

Tudo aconteceu por acaso, fiz parte de uma revista em 1982 , “ CHÁ E PORRADAS” para a qual fui contratada como atracção nacional, ou seja só para cantar Fado Entretanto, os autores durante os ensaios da peça, acharam que eu era capaz de ter vocação para representar, talvez devido á minha personalidade extrovertida e bem disposta e assim começa a História…

A razão de gostar de “ vestir “ personagens diferentes, tem a ver com o facto de não ser fã da monotonia, de tentar diversificar o meu trabalho enquanto actriz, de tentar conhecer e ultrapassar os meus limites e acima de tudo da observação de tudo e todos que me rodeiam.



2- Além de actriz é também cantora. Como é que descobriu que também sabia cantar? Lançou álbuns de Fado e em 2006 lançou o seu ultimo álbum de originais. Qual é a sua ligação com a música? Foi algo que sempre teve interesse?

A minha primeira “ profissão” foi Fadista, é desta arte que tenho carteira profissional, gravei o primeiro disco em 1973, apenas com 10 anos ( embora já cantasse anteriormente ) e foi por cantar Fado que me estreei na revista, embora a minha carreira paralela de actriz tenha tido mais visibilidade pública.

Mais uma vez foi o acaso, sabia lá eu que era capaz de cantar…

Inscrevi-me num concurso quando tinha aproximadamente 9 anos, ( o prémio era uma motorizada Honda Amigo ) e isso era aliciante, e lá ganhei esse concurso….foi sem querer.

Posteriormente tudo se desenvolveu duma forma natural… mas é tão longa a história… é que já lá vão (oficialmente) 37 anos de carreira.

Em 2006 de facto gravei o cd “ Estados de alma”, não eram canções originais, apenas a minha escolha de vários temas que de alguma forma têm a ver comigo, mais uma vez de géneros diversos : Fado, Fado canção, música ligeira, marchas de Lisboa, folclore… mas pelos vistos teve pouco interesse, embora tenha sido gravado ao vivo com 52 músicos (algo que é inédito em Portugal) este trabalho não teve o privilégio de fazer parte das “ Play List “ ( palavra chique) das rádios nacionais, pouca gente conhece este trabalho, nunca foi divulgado.



3- Ao longo dos anos participou em vários teatros de revista. Entre a comédia feita no teatro e a comédia para televisão, qual é a que prefere e porquê?
Ambos os géneros são interessantes, a TV é mais imediatista, dá-nos mais visibilidade, promove mais facilmente, chega a mais gente. O teatro dá-nos o calor do público na hora exacta, e não há nada comparável.


4- Como foi para si em 2007 participar numa telenovela? (Fascínios)
Foi uma experiência diferente mas enriquecedora, engraçada, novo desafio. Fazer crescer uma personagem sem conhecer o seu percurso anterior e o seu desenvolvimento futuro. É sempre uma surpresa. Usei a sempre a minha intuição, a minha verdade.


5- Ao longo da sua carreira televisiva teve vários momentos de grande sucesso. Destaca algum em particular? E no teatro, qual o momento mais especial?
Todos os momentos são especiais, têm a importância que têm em determinada altura, no teatro igual. Claro que destaco, o dia da minha estreia. Emoções muito fortes.


6- Entre a música, a representação e a produção, o que prefere realmente?
Gosto das 3 vertentes, seria bom que pudesse continuar a exercê-las em simultâneo.


7- Qual foi a personagem que mais gostou de interpretar ao longo da sua carreira e porquê?

Várias, mas tenho um carinho especial pela BITUCHA, US BATNÁVÓ,( personagens que criei no Ora Bolas Marina , na SIC) o BISNAGA, a MATIDE, (Bora Lá Marina , na TVI). Talvez

porque têm uma irreverência e até infantilidade com que me identifico.



8- Como vê o estado actual da cultura em Portugal? O que faria para dinamiza-lo? Que areas destaca?
A cultura é triste, opta-se pela mediocridade, porque a qualidade dá trabalho, envergonham-se do que é genuinamente português, ( em vez de sentirem orgulho) são elitistas e etc etc etc…


9- Se pudesse escolher alguem para governar o país quem seria?
Eu…meu DEUS faria tanta coisa…


10- Sendo uma das melhores comediantes portuguesas, como avalia o actual estado da comédia em Portugal? Acha que se faz bom humor? Há bons humoristas nacionais?
A Comédia vai como o país devagar….devagarinho. E há bom e mau como em qualquer área. Seria bom que não promovessem o fácil, o fútil..




Saturday, May 15, 2010

Pedro Soares


Pedro Soares é licenciado em Arquitectura, apesar de não exercer. É Presidente da Associação juvenil e cultural Experimentáculo, responsável pela maior parte dos eventos musicais na cidade de Setúbal. Faz parte da produtora de audiovisuais Low Cost Filmes, onde é produtor. Além disto é também colaborador do Setúbal na Rede, da Rua de Baixo e da Take.
Este "jovem" de 27 anos tem sido o responsável pela recente revolução cultural em Setúbal, que tanto de bem lhe trouxe.


1- Licenciou-se em Arquitectura, porém não exerce essa profissão. De onde surgiu o desejo em seguir Arquitectura e porque razão não exerce hoje em dia?
Na altura, pareceu uma boa ideia. Quer dizer, hoje ainda parece, foi uma boa ideia, de facto, mas talvez a arquitectura que encontrei cá fora não fosse a que estava à espera, a muitos níveis. No entanto, é uma área que me desperta grande interesse e, apesar de não estar a exercer actualmente -por várias contingências da vida -, não quer dizer que não faça parte do meu dia-a-dia.


2- É presidente de uma das mais importantes associações culturais de Setúbal, a Experimentáculo. Foi também fundador dessa associação. Quais são os principais objectivos da associação e porque razão decidiu cria-la?
A Experimentáculo é uma associação cultural que pretende dinamizar e estimular a cultura na cidade, especialmente nas áreas da música e do cinema. A associação nasceu do encontro das vontades e interesses comuns de um grupo de amigos que, insatisfeitos com o cenário da cultura que viam em
Setúbal na altura, se mostraram disponíveis para fazerem qualquer coisa. E essa coisa acabou por se chamar Experimentáculo.

3- Agora, alguns anos depois, tem tido o reconhecimento que esperava?
Não sei, é uma pergunta difícil de responder. Pessoalmente, acho que sim, especialmente no passado mais recente, uma vez que temos recebido algum
feedback positivo que nos deixa muito orgulhosos. No entanto, para quem está de fora torna-se mais fácil responder a essa pergunta, acho eu.


4- Como é para si organizar um concerto, ou outro evento? Como era o seu estado de espírito no dia em que realizou o seu primeiro evento e como é actualmente?
Tenho que admitir que hoje já não é como nos primeiros tempos. Com a experiência adquirida há muita coisa que fui melhorando e percebendo como funcionava de forma a resolver os problemas por antecipação. Mas continua sempre a haver aquele stress e a ansiedade, porque são situações em que surgem sempre os problemas mais inesperados. Organizar um concerto, por exemplo, está sujeito aquela lei de Murphy que diz que se algo pode correr
mal, vai correr. No entanto, o resultado final é sempre estimulante e excitante e, no final, o sentimento de dever cumprido continua a saber bem.


5- É produtor da Low Cost Filmes, produtora de audiovisuais sediada em Setúbal. Em que consiste este projecto?
A Low Cost Filmes é uma produtora de audiovisuais que oferece serviços vídeo em qualquer área que seja necessário uma câmara de vídeo: publicidade, institucionais, telediscos... Claro que também nos dedicamos às curtas-metragens e aos documentários, mas só fazer filmes não paga a luz e a água. Por isso, uns conciliam os outros e vice-versa.


6- A Low Cost Filmes foi recentemente premiada pelo videoclip "Realizador", de Monstro Mau. O júri era composto por importantes figuras do cinema, tais como Mário Augusto e Luísa Sequeira. Como foi para si receber este prémio? Foi um trabalho difícil de produzir?
O "Realizador" foi um projecto muito giro e rápido de se fazer. Nasceu quase por acaso, enquanto montávamos outro teledisco, depois de termos visto o anúncio do concurso. Juntámos a equipa, arranjámos o espaço e filmámos num dia. É um vídeo em que três dançarinas executam várias cenas de dança memoráveis da cultura popular. O mais giro é que nunca lhes vemos as caras, apenas os pés. Claro que foi uma grande honra receber este prémio, até porque o júri era composto por gente com créditos firmados.



7- Trabalha também na área da comunicação social. De onde surgiu esse seu interesse?
Surgiu de forma muito natural. Sempre gostei bastante de escrever e, há algum tempo, quando surgiu a oportunidade de colaborar com o portal cultural Rua de Baixo, acabei por aceitar. Era uma forma de me obrigar a escrever e de arranjar tempo para o fazer. Depois as coisas foram surgindo e fui colaborando com outros sítios, outras revistas e outros jornais.

8- Fale-nos um pouco dos seus gostos pessoais, nomeadamente no cinema, música, literatura, etc.
Esta pergunta pode ser respondida com um copy-paste do meu perfil do hi5. Estou a brincar. Não gosto de nada.

9- Como vê o estado actual da cultura em Setúbal face a exemplos de outras cidades portuguesas?
Acredito que Setúbal (e qualquer cidade por este mundo fora) tem a cultura que merece. Já fui muito pessimista em relação à cultura em Setúbal, mas nós temos que perceber que não podemos querer ser iguais a Lisboa ou a Nova Iorque. É certo que, sendo uma capital de distrito, Setúbal devia ter um papel mais activo e de maior destaque cultural. Mas o facto de isso não acontecer vem de um passado longo e de muitas condicionantes. Acho que isto dava matéria para um mestrado muito interessante.
Resumindo e baralhando: acho que a cultura setubalense não é tão má como a maioria das pessoas a pinta. Podia ser melhor? Claro que sim! E acho que a cidade está no bom caminho, com bons projectos em carteira, gente estimulante e empreendedora. Vamos lá ver é se não ficam todos a meio
caminho...

10- Como vê o actual estado da cultura em Portugal? O que faria para o impulsionar?
A cultura em Portugal acaba por reflectir o estado do país. Uma cultura de periferia, que sobrevive à custa de muito esforço e suor e que não tem uma verdadeira estratégia definida. O que faria para a impulsionar? Hmm... aconselhava-a a emigrar.


11- Que áreas culturais destaca em Portugal?
Como em todas as áreas, Portugal tem grandes representantes em todas as áreas da cultura. E isso é comprovado pelo reconhecimento que muitos deles recebem por esse mundo fora. O Siza, o Saramago, o Pedro Costa, a Paula Rego.. Por isso, acho que não consigo destacar nenhuma em especial. Só acho que nos continua a faltar um sucessor à altura do mítico Tarzan Taborda para nos representar condignamente no mundo da luta-livre profissional.

12- Como se vê daqui a 10 anos?
Ten years older and ten years wiser.