Cultura Activa

Entrevistas a várias personalidades ligadas à cultura

Sunday, March 28, 2010

Inês Santos


Inês Santos foi a grande vencedora do Chuva de Estrelas em 1995, com apenas 15 anos. Desde aí que tem somado vitórias e sucessos à sua pequena, mas ilustre carreira. Lançou 2 discos, trabalhou com Filipe La Féria em "A Canção de Lisboa", colaborou com diversos artistas, entre os quais Olavo Bilac, José Cid, entre muitos outros. Esteve também no Canadá a participar numa Ópera, o qual lhe garantiu uma nomeação para um Dora Award, categoria de melhor performance numa Ópera.
Inês transmitiu-nos em palavras aquilo que também é no palco: uma rapariga humilde e cheia de talento.



1- Com apenas 15 anos ganhou o programa "Chuva de Estrelas". Como se sentiu na altura e como vê agora essa sua participação?
Na altura o Chuva de Estrelas era um programa muito visto. Os canais privados estavam a começar a aparecer e uma surgia uma nova forma de fazer televisão. A novidade fazia com que os programas tivessem muito sucesso e visibilidade, contudo eu sempre encarei o gosto pela música e o desejo de seguir o canto como profissão de uma forma muito natural, para mim era não só uma diversão e uma nova experiência como uma forma de me mostrar. Hoje em dia, quando olho para trás, vejo que os meus concorrentes eram muito bons, que ganhei por toda a atitude e paixão mostrada, mas que hoje em dia tenho muito mais experiência e qualidade do que na altura.


2- Está desde muito cedo ligada à música. De onde vem essa paixão?
Muita gente na família gosta de cantar, o meu pai e o meu avô cantaram em coros e do lado da minha mãe todos cantam, mas nenhum de forma séria e profissional.
Tinha 3 anos e já dizia que queria ser cantora! É inexplicável.


3- Desde muito jovem que teve contacto com pessoas muito importantes da música nacional. Qual foi para si o trabalho/projecto que lhe deu mais prazer participar? Com quem gostou mais de trabalhar?
É difícil responder apenas uma coisa. Para mim todas as experiências têm muito valor, porque aprendo sempre coisas novas, sobre mim e sobre a área, mas também conheço pessoas novas. No campo pessoal adorei trabalhar com o Fernando Mendes, o José Raposo, a Maria João Abreu, o Herman José e o maestro Pedro Duarte ...muita gente. A nível profissional "A canção de Lisboa" e a Ópera que protagonizei no Canadá foi onde mais cresci.


4- Participou na peça "A canção de Lisboa" de Filipe La Féria. Como foi para si trabalhar com um dos nomes mais importantes do teatro em Portugal?
Foi uma autêntica loucura! Aprende-se e trabalha-se muito. O La Féria é um mestre a encenar e a chegar onde quer com os recursos humanos e logísticos que tem. Foi também a minha estreia como actriz...foi ele que viu em mim essa capacidade.


5- Esteve no Canadá a participar numa ópera sobre Pedro e Inês. Como foi para si essa participação?
Maravilhosa! Senti um enorme orgulho em representar Portugal, em levar um pouco da história do nosso país, da minha cidade natal e da quinta das lágrimas, onde brinquei muito quando era mais nova.
Trabalhei muito para superar dificuldades e no fim, inesperadamente, fui nomeada para um Dora Award na categoria de melhor performance numa ópera. (um prémio importantíssimo de Performing Arts)
Fiquei mesmo bastante satisfeita!


6- De todos os sitios onde já cantou, quais os que destaca tanto pelo nível cultural como pela recepção?
O musikcentrum Wredenburg em Utrecht, onde cantei Fado, pelo respeito e curiosade dos holandeses, e o Brasil, sempre que canto lá sou muito bem recebida e acarinhada. Acho que o Fado lhes toca de maneira especial e quando canto lá procuro cantar Fado.Também adorei, pela experiência pessoal, cantar em Birmingham na Eurovisão em 1998.


7- Para si o que mudou com a idade? A nível pessoal e profissional.
Hoje em dia sou muito mais dedicada ao trabalho. Trabalho com mais seriedade, com mais cuidado, tento absorver mais de cada experiência. A nível pessoal sofro menos com a incerteza característica da nossa profissão. Sei que quando respeitamos a profissão e fazemos o nosso melhor o trabalho acaba por vir sempre....


8- Como vê actualmente o estado da cultura em Portugal? E face a exemplos estrangeiros?
Muita falta de investimento em educar as crianças e os Portugueses em geral. Hoje em dia procura-se a facturação imediata.
Também me indigna quem escolhe estas profissões só pela visibilidade e fama que daí pode advir.
De resto prefiro não opinar.


9- O que destaca nas diversas áreas culturais em Portugal? O que faria para impulsionar a cultura?
Criaria incentivos para jovens artistas e projectos de menos visibilidade, mas que também devem ter o seu lugar.
Só com a diversidade podemos construir uma personalidade rica. Senão seremos apenas cópias uns dos outros.


10- Fale-nos um pouco dos seus gostos pessoais, nomeadamente na música, cinema, literatura, etc...
Adoro Viajar! Acho que para mim isso é o mais importante. Interesso-me por vários assuntos e muitas vezes até aos assuntos que não me interessam dou o beníficio da dúvida, porque acredito que me posso surpreender e porque o conhecimento não ocupa lugar. No entanto, pouco me interesso sobre política, futebol e economia, mas creio que me mantenho mais ou menos a par...
Adoro música desde world music a Monserrat Caballé (que adorava conhecer), gosto de artes plásticas , geografia, sempre que posso vou ao cinema, mas não gosto de coisas demasiado intelectuais, gosto de saber sobre diferentes etnias e costumes .
Adoro livros auto-biográficos e sobre direitos humanos e romances fantasiosos....Gosto de comer muito e de não fazer nada...


11- Destaque um momento importante da sua infância.
Tenho vários, muitas viagens, muitas brincadeiras, muitas actividades. Tenho 3 irmãos. Pelo significado afectivo talvez o dia em que com 3 anos inspirei o meu avô materno a escrever um poema sobre mim em que dizia que eu cantava e dançava junto a ele e que um dia iria ser a alegria da família.


12- Que conselho daria a quem quer seguir o mundo da música?
Se o deseja por paixão, por vocação, lute, procure, arrisque, crie condições..por exemplo eu crio e vendo os meus espectáculos.
Aconselhá-lo-ia a ir à luta com verdade!


Wednesday, March 24, 2010

João Braga


João Braga é um dos melhores fadistas nacionais. Foi impulsionador da nova geração de fadistas, dando visibilidade a quem merecia.
O sportinguista de alma concede ao Cultura Activa uma grande entrevista, onde podemos ficar a conhecer melhor um dos grandes nomes do nosso país.

1- Começou desde muito cedo a cantar fado em Cascais e Lisboa. De onde surgiu este seu interesse pela música, nomeadamente pelo fado?
A minha atracção pela música aconteceu, creio, antes mesmo de começar a andar e ainda não tinha completado quatro anos dei-me conta de que conseguia cantar. O gosto pelo Fado só muito mais tarde, em 1962, é que me começou a invadir, por influência de um disco de Amália, o do “busto”, embora já gostasse de a ouvir interpretar outros géneros musicais e me entusiasmasse bastante com o som das guitarras. Esta aproximação ao Fado, numa idade algo serôdia para os “catedráticos” do género, que apenas concedem o estatuto de fadista a quem já cantava no colo da mãezinha, reforça a minha convicção de que para escutar o Fado, perceber a sua essência e, ainda mais, para o cantar, é preciso já ter vivido uns anos — o Fado é definitivamente, na minha opinião, uma canção adulta.


2- Como foi para si a estreia na televisão, num programa da RTP chamado "Alerta Está"? Como viveu esse momento e qual era a sua visão nessa altura perante um possível futuro de sucesso?
Nesse ano de 1967 começaram a acontecer-me muitas coisas ao mesmo tempo: saíram os meus primeiros discos, fui para a tropa, estreei-me nesse programa na RTP, e tudo isto no meio de um sucesso tremendo que não me modificou absolutamente nada, pois achei isso tudo natural.


3- Por que razão desistiu do curso de Direito?
Porque preferi a carreira artística à jurídica, e as duas não eram compatíveis, dada a forma intensa com que passei a exercer a primeira.


4- Como foi para si a participação no festival da canção?
Encarei todo esse episódio como uma experiência, mais ainda, uma aventura. O tema que me calhou atraiu-me sobretudo pelas palavras; o poema de Rita Olivais, “Amor de Raiz”, era muito bonito, foi por aí que aceitei participar e ainda bem que o fiz, porque o ambiente que encontrei era muito diferente daquele a que estava acostumado nos meios fadistas, mais aberto, mais desafiador, mais profissional.


5- Foi obrigado a ir para Madrid em 1974. Qual foi a razão que o forçou a sair do país e como era a sua visão perante tal facto?
Ainda hoje estou para saber por que me quiseram prender, a única coisa que sei a esse respeito é que Otelo Saraiva de Carvalho, então comandante da polícia política que substituiu a PIDE, o COPCON, assinou um mandato de captura em meu nome, mas com o espaço do motivo em branco, o que autorizava qualquer autoridade ou a pessoa a quem o documento fosse parar a meter lá o que bem entendessem. Quando regressei não obtive informação alguma sobre a causa de tal diligência, a não ser um pedido de desculpas, em nome dos militares, do Senhor Coronel Almeida e Castro, um homem alto, de porte digno e maneiras a condizer, quando regressado do exílio fui convocado para me dirigir ao 7º andar de um edifício na Avenida da Ilha da Madeira, ao Restelo, onde funcionavam os Serviços de Apoio ao Conselho da Revolução, para resolver a minha situação e aceitar a devolução de cartas, fotografias com familiares ou amigos e outros documentos privados que haviam subtraído da minha casa na Rua D. João V, nº 16, em Lisboa, quando as forças do COPCON, fuzileiros navais, se não estou em erro, juntamente com uns fulanos à paisana e braçadeiras do MDP/CDE, a invadiram derrubando a porta e levando tudo o que puderam, além da citada documentação pessoal: quadros a óleo, tapetes persas, loiças da Companhia das Índias, objectos em prata, garrafas de uísque, de conhaque francês, de vinho, de champanhe, e outras, discos, aparelhagem de hi-fi, molduras, peças de vestuário, águas-de-colónia, monitores de televisão, algumas jóias, um faqueiro antigo, enfim, tudo o que puderam na ocasião transportar, e que nunca mais voltei a pôr a vista em cima.


6- O seu CD "Cantar ao Fado" foi considerado por si como o melhor da sua carreira, por que razão, visto que editou imensos álbuns e EP's de enorme qualidade?
Era na altura a minha opinião, mas olhando hoje para os que fiz, realço igualmente o primeiro de todos, “É Tão Bom Cantar o Fado” (1967), “João Braga Canta António Calém”, de 1971, “Do João Braga para a Amália” (1984, o primeiro que continha poemas musicados por mim), Portugal” (1985), “Terra de Fados” (1990) e “Fado Fado” (1997), além do que saiu no ano passado, “Fado Nosso”. Embora hoje já não os cante daquela maneira, “Cantar ao Fado” continha quatro temas que gostei muito da forma como saíram no disco, “Ternura” (David Mourão-Ferreira), “Um Carnaval” (Alexandre O’Neill), “Bem Sei” (Fernando Pessoa), todos musicados por mim, e “Amália” (Manuel Alegre), com música de José Fontes Rocha.


7- De todos os países onde actuou, qual foi o/os que mais o marcou?
As actuações mais marcantes da minha carreira, fora de Portugal, foram: Barcelona (1970), Londres e Rio de Janeiro (ambas em 1977), Estrasburgo (1989), Nova Iorque (1998), Cidade do México (1999), Malmöe e Arzila (ambas em 2001), Recife (2007), e no nosso país, destaco as do Zip Zip (1969), uma no São Luiz (1991), outra no Teatro Nacional de São Carlos (1992, concerto dos 25 anos de carreira), na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa (2006) e outra ainda em Vila Nova de Cerveira (2007). Em termos absolutos foi uma em Vigo, por ocasião do prestigiado Festival Are-More de 2003, no Teatro Cine-Fraga, com cinco chamadas ao palco, no final, as últimas duas com pateada, o que nunca me havia acontecido — é uma sensação absolutamente arrepiante!


8- Como vê o actual estado do fado?
Orgulho-me da contribuição dada em prol da nova geração de fadistas quando, a partir de 1990, comecei a dar visibilidade a novas vozes, por entender que elas o mereciam. Considero que essa estratégia de apostar nos mais novos foi muito bem sucedida e creio que o Fado do tempo que passa se espelha na alta qualidade que a maior parte dos jovens que fui convidando acabou por demonstrar.


9- Qual é a sua opinião sobre o actual estado da cultura em Portugal? O que deve ser alterado?
Infelizmente a minha opinião está muito longe de ser favorável sobre essa importante área da sociedade portuguesa. Porque se já era uma desgraça manter-se a população portuguesa no obscurantismo cultural em que se encontrava há quarenta anos, é inelutavelmente pior a instilação de uma acultura pimba em que a mergulharam desde então. Alguma coisa tem de ser feita e quanto mais depressa melhor, começando pelo aperfeiçoamento qualitativo do Ensino e acabando com a subserviência quase caprina em relação a tudo quanto as multinacionais da cultura nos impingem.


10- Que áreas culturais destaca em Portugal e quais as suas preferidas? Fale-nos um pouco dos seus gostos pessoais na música, literatura, cinema, etc.
Acima de todas a Poesia, porque Portugal é um país de poetas, creio inclusive que é a única onde, em termos de escola, podemos pedir meças a qualquer outro, incluindo a Irlanda, com uma quantidade de vultos de invulgar qualidade, a mesma que se pode constatar nas obras de Pessoa, Camões, Florbela, Régio, Antero, Pascoaes, Homem de Mello, Sophia, Torga, e outros mais. Noutras áreas, a minha preferência vai para artistas como Vieira da Silva (morreu francesa), Maria João Pires (em vias de se tornar brasileira), Paula Rego (em Inglaterra consideram-na inglesa), Amadeu Sousa Cardoso (francês, para muitos), Pomar, Maluda; algum cinema que se fez entre os anos 30 e 50, com António Silva, Vasco Santana, António Lopes Ribeiro, Maria Matos, Ribeirinho, João Villaret, Alves da Cunha, mais alguns filmes de Manoel Oliveira; na prosa, Agustina Bessa Luís ou José Cardoso Pires; na música, a violoncelista Guilhermina Suggia, o pianista Sérgio Varela Cid, o tenor Tomás Alcaide, o guitarrista Carlos Paredes, as baladas de José Afonso, Bernardo Sassetti ou Rão Kyao; e, claro, o Fado, guitarristas e fadistas, com Amália Rodrigues à cabeça. Tirando isto pouco mais temos, infelizmente, de que nos possamos orgulhar na concertação mundial das nações.


11- É sportinguista assumido. De onde veio esse "amor"?
De pequenino, pois o meu pai fez-me sócio do Sporting Clube de Portugal um dia depois de ter nascido, pois fui dado à luz a um Domingo. Mais tarde a família foi viver para Cascais e eu deixei de ser sócio. Por volta dos meus dezasseis anos comecei a ler os estatutos do clube e percebi então por que não poderia escolher outro, dado que eles consagram muitos dos valores essenciais que norteiam a minha maneira de estar na vida — basta referir que naqueles tempos, para se ser sócio do SCP, era necessário ter-se o certificado de registo criminal limpo. Recuperei então a condição de sócio, já não por vontade paternal, mas por opção pessoal, até aos dias de hoje, podendo assim orgulhar-me de ser sportinguista a dobrar!


Monday, March 22, 2010

Cultura Activa no jornal "O Setubalense"

O blog Cultura Activa foi referenciado num dos principais jornais da cidade de Setúbal. O jornal "O Setubalense" publicou uma notícia sobre o blog e o seu criador.
Para lerem a notícia na íntegra basta clicarem na seguinte frase:



Obrigado ao jornal "O Setubalense", pelos elogios e apoio.
Brevemente uma nova entrevista neste blog cultural!

Thursday, March 18, 2010

Pedro Fernandes


Pedro Fernandes é actualmente um dos cinco apresentadores do "5 para a meia noite", programa de sucesso da rtp2. Licenciado em Publicidade e Marketing, humorista e argumentista, Pedro Fernandes é uma das novas caras da tv, demonstrando-nos que a qualidade dos apresentadores portugueses se vai manter por muito tempo.


1-O seu percurso até ao 5 para a meia noite foi curto. Como avalia o facto de em poucos anos passar para apresentador daquele que é considerado um dos programas da actualidade?
A brincar a brincar já se passaram 10 anos desde os meus tempos de teatro universitário. Acho que tudo se deveu a muita vontade em fazer humor e a uma grande dose de sorte por estar no sítio certo à hora certa. Acima de tudo é preciso fazer aquilo de que gostamos e ir aceitando todos os desafios que se nos deparam pela frente.


2- Profissionalmente sempre esteve ligado ao mundo da apresentação/representação. De onde nasceu o seu interesse por esse mundo?
Só mais tarde despertei para este mundo, no teatro universitário. Já tinha o gosto pelo humor e pela representação, mas sempre o encarei como um hobbie. Acabei o meu curso universitário de Publicidade e Marketing no ano 2000 e trabalhei 10 anos no ramo. Só hà mês e meio é que estou inteiramente dedicado a este ramo.


3- Na sua juventude sempre soube o que queria? Conte-nos um episódio curioso dos seus tempos de infância.
Nunca soube o que queria. Até o curso universitário foi escolhido no último dia de inscrições porque tinha mesmo que preencher os papéis. Entrei em Publicidade e Marketing mas a primeira opção era Gestão Hoteleira. Até cheguei a deixar lá sangue para análises na ESHT do Estoril.
Como todas as crianças queria ser jogador de futebol. O primeiro contrato que assinei na vida tinha 9 anos e foi como jogador do Desportivo Domingos Sávio (Salesianos de Lisboa). Jogava a extremo esquerdo e fui o segundo melhor marcador da equipa com 3 golos. Que fartura! O meu avô dava-me dois contos e quinhentos por cada golo. O meu pai dizia que só me faltava uma cadeira para eu me sentar no campo tal era a minha movimentação nas quatro linhas.


4- Fale-nos um pouco dos seus gostos pessoais. O que anda a ouvir na música portuguesa?
Na música portuguesa é incontornável o Jorge Palma. É para mim o melhor músico e compositor português. Destaco também o B Fachada.
Na música internacional, os Pearl Jam, Smashing Pumpkins, Cake, Beatles, Strokes, Vampire Weekend, Kings of Leon, Franz Ferdinand, Beirut, só para mencionar alguns.
No cinema sou fã incondicional de Tim Burton.
Séries de humor: Simpsons, Flight of the Conchords, the Office, Little Britain, Easy Larry, Seinfeld...
No desporto: Sporting sempre!


5- Como é que define a actual situação cultural do nosso país? O que faria para a impulsionar? Quem escolheria para governar o país?
Acho que cada vez existe mais oferta e para todos os gostos. Só fica em casa quem quer.
Aumentar o orçamento de estado para a cultura era um bom começo.
Para governar o país escolheria o meu tio. De certeza que ser sobrinho do primeiro ministro me traria algum benefício.

6- Sei que é complicado, mas tente explicar-nos qual é a sensação de ser pai.
É a melhor sensação do mundo. Acho que só consegue perceber quem já o é. Antes de o sermos achamos que vai ser bom. Depois de o sermos percebemos que é magnifíco.


7- Qual foi a pessoa que mais o marcou na sua vida?
Não consigo apontar só uma. Tenho a sorte de estar rodeado de pessoas que amo e todas marcam a minha vida.


Sunday, March 14, 2010

Carlos Nobre (Pacman)

Carlos Nobre é mais conhecido por Pacman. Além de ser vocalista dos Da Weasel, o músico escreve também para a revista de domingo do Correio da Manhã e tem um projecto musical paralelo, denominado "O Algodão Não Engana". Nesta entrevista ao blogue Cultura Activa, Carlos Nobre fala, além de outras coisas, das suas influências musicais, gostos pessoais e um pouco da sua infância.


1- Nasceu em Angola, mas desde cedo que vive em Almada. Como é a sua relação com o seu país de origem e a cidade onde viveu quase toda a sua vida?
Não se pode dizer que tenha uma relação com Angola - nasci lá mas vim para Portugal muito cedo, com meses, apenas. Já Cabo Verde, a terra dos meus pais, onde de resto fui concebido, toca-me maneira diferente. Já visitei várias ilhas mas ainda me falta conhecer muito - adoro as pessoas, adoro lá estar e acredito que aquela terra terá muito para me dar e quem sabe, vice-versa. Almada é a cidade onde me fiz homem, a cidade de sempre, que amo e às vezes também odeio.


2- Como foi a sua infância? De que forma é que essa época o influenciou musicalmente?
A minha infância foi passada com um grupo de amigos ligeiramente mais velhos que eu, sempre atrás do meu irmão, brincadeiras de rua. Foi porreira. Influência directa na música não a consigo descortinar. Ajudou a moldar o meu carácter e por aí influenciou praticamente tudo aquilo que faço na vida adulta.


3- Descreva um pouco do seu percurso musical inicial.
Comecei a tocar cedo, por volta dos 13 anos, baixo, mais uma vez atrás do meu irmão que tocava guitarra, na altura. Tive uma série de bandas de garagem onde toquei uma série de sonoridades diferentes. A nossa "escola" começou no metal, passou pelo hardcore, rock pesado e alternativo, funk... A meio da década de 90 o hip-hop instalou-se como influência muito importante.


4- De todos os seus projectos musicais, qual foi o que lhe deu mais prazer? Excluindo os Da Weasel.
Sem ser os Da Weasel nunca fiz nada com grande expressão, que valha a pena destacar. Mas orgulho-me imenso das colaborações que fiz nos últimos anos: com o projecto "Foge, Foge, Bandido" do Manel Cruz, com os Xutos & Pontapés no último disco, mais atrás com os Mão Morta, uma das bandas da minha adolescência....


5- Fale-nos um pouco do seu livro "Um outro amor". Porque decidiu escrever um livro?
Não é que tenha decidido escrever um livro. Foi-me proposto seleccionar crónicas do material que tenho vindo a escrever para o Correio da Manhã e achei que seria um exercício porreiro, dando uma recolha interessante.


6- Qual foi a razão que o levou a iniciar o projecto " O Algodão Não Engana"?
O projecto "O Algodão Não Engana" surgiu como todos os outros - as coisas aparecem por que têm que sair, têm necessidade disso e arranjam forma de o fazer, não dá para explicar muito melhor... acontece assim como com qualquer outro escape criativo. Tinha uma série de textos parados cujo formato não era - à partida - o ideal para serem musicados. Por isso mesmo decidi fazê-lo.


7- Fale-nos um pouco dos seus gostos pessoais a nivel musical, literário ou no cinema. O que anda a ouvir?
Não sei... Ouço muito coisa diferente, há dias e fases. Tenho alguns artistas favoritos que vou ouvindo sempre. Tenho ouvido muito os The Dead Weather - vi um concerto deles em Londres muito bom, os Them Crooked Vultures parecem-me um projecto bastante interessante. No exacto momento em que respondo a esta entrevista estou a ouvir o "White Album" dos The Beatles. O livro que leio por estes tempos é "A Montanha Mágica", de Thomas Mann.


8- Se pudesse escolher uma pessoa para governar o país quem seria?
As pessoas certas deixariam de o ser a partir do momento que assumissem funções... É uma visão algo desencantada mas não vale a pena idealizar muito sob a pena de nos desiludirmos a sério. Ainda assim, escolheria alguém ligado à cultura - à partida a sensibilidade é diferente.


9- Os Da Weasel são uma das bandas com maior sucesso em Portugal. Como vê esse mesmo sucesso? O que reserva o futuro conhecido aos Da Weasel?
É algo a que nunca nos habituamos. É bom, claro. O futuro? Não sei. Nunca esperei que crescêssemos tanto... Espero que continuemos a fazê-lo!


10- Além da música e da escrita gostaria de ter tido outra profissão?
Não há nada que prefira à escrita e à música. Sinceramente sou feliz a fazer o que faço porque é o que gosto de fazer: umas vezes melhor, outras pior.


11- Qual é a sua opinião sobre o estado actual da cultura em Portugal?
Ui... Qual Cultura?


12- Que áreas culturais é que destaca em Portugal?
Acho que se têm feito coisas muito interessantes na "Street Art" - muito para lá do graffitti têm surgido formas frescas e apelativas, com uma linguagem muito forte. Como fã de cinema que sou, confesso a minha tristeza com a falta de propostas que rasguem com o marasmo pseudo-intelectual da nossa praça.


13- Que conselho daria a quem pretende iniciar um projecto musical ou tentar fazer vida da música?
Se tiver a certeza que é isso que quer fazer... bola para a frente! Não é um caminho fácil mas não há nada que supere fazermos aquilo que gostamos - o dinheiro muito menos, certamente.