Cultura Activa

Entrevistas a várias personalidades ligadas à cultura

Wednesday, April 14, 2010

Ana Free


É jovem, licenciada em Economia, um dos nomes portugueses mais conhecidos da actualidade no mundo da música, uma simpatia imensa e uma lutadora. A juntar a isto tudo ainda sabe falar inúmeras línguas, tal como o Grego! Ficou conhecida pelos seus videos no youtube, onde aparecia a tocar guitarra e a cantar. É cantora e chama-se Ana Free. É com grande prazer do Cultura Activa que é a próxima entrevistada.



1- Começou a compôr e a tocar desde que era muito jovem. De onde veio a sua paixão pela música? Como é para si o processo de criar música? É algo natural?
É verdade que comecei a tocar guitarra muito cedo. Foi o meu pai que me ensinou os meus primeiros acordes e desde então nunca olhei para trás. Tenho uma paixão enorme pela vida e por viver, não só a música. Normalmente, o processo de criar é super pessoal se estiver a escrever sozinha, se colaborar com outros artistas torna-se um processo mais mexido e mais aberto a ideias e mudanças. Inspiro-me facilmente em muitas coisas diferentes. Normalmente, só consigo escrever bem à noite ou no estúdio, mas às vezes preciso de me distanciar das gravações. A maior parte das minhas músicas são inspiradas pelas minhas próprias experiências, ou pessoas que fazem ou já fizeram parte da minha vida. São raras as vezes em que escrevo do ponto de vista de outra pessoa, mas também acontece. A música “The Rain” por exemplo, não é autobiográfica. É uma música que simplesmente foi escrita a partir da minha imaginação e de histórias contadas. De qualquer maneira, é sempre algo muito natural e acredito que nunca se deve forçar uma música.


2- É licenciada em Economia. Quais os seus objectivos profissionais nessa área, tendo em conta que possuí este curso?
Tirei o curso de Economia porque gosto imenso de estudar e aprender. Não queria faltar à experiência de ir para a faculdade! Decidi que gostava de Economia e portanto foi uma decisão fácil. Não tenho propriamente objectivos profissionais com respeito a isso, simplesmente gosto de conseguir pensar como economista e saber que tenho um plano B. Talvez gostava de conciliar as duas áreas de música e economia um dia!


3- Como foi para si a primeira vez que actuou ao vivo na televisão? Esperava vir a ter tanto sucesso?
A primeira vez que actuei ao vivo na televisão estava muito nervosa, foi um momento importante para mim. Lembro-me de preparar a música e de que simplesmente não me calava por causa dos nervos e do calor intenso do verão! Foi bastante cómico agora que olho para trás e penso nesse dia. Estava super orgulhosa, e surpreendida com a magnitude da reacção do público.


4- Cresceu em Cascais, mas sempre teve uma estreita ligação com o Reino Unido. Como foi a sua infância? Os seus familiares apoiavam-na na decisão de seguir uma carreira musical?
Tive uma infância mesmo feliz, cheia de amor e carinho. Os meus pais e o meu irmão são pessoas únicas, e sem a minha família ao meu lado, nada disto seria completo. Sempre me apoiaram, e sempre há de ser assim penso eu. Os meus avós também tiveram um impacto enorme na minha vida, e por isso estou muito grata. Sou muito sortuda, e quero que eles saibam que são extremamente importantes para mim.


5- Como é para si ser tão acarinhada pela internet, tendo em conta que era uma artista desconhecida e que gradualmente foi ganhando inúmeros fãs. Como é realmente sentir que por mérito se está a ganhar sucesso?

A internet tem várias vantagens. Dá-me a oportunidade de partilhar o meu trabalho e as minhas aventuras com o resto do mundo on-line, e como a internet não tem barreiras, consigo partilhar as minhas experiências e a minha música com pessoas em sítios totalmente diferentes e espalhadas por todo o mundo. Não é a internet que me tem acarinhado, são os fãs, sem dúvida! Claro que o apoio dos fãs é sempre muito bom de sentir, e para mim, os fãs são o mais importante.



6- Conhece duas realidades culturais diferentes, a de Portugal e a do Reino Unido. A nível de apoios para a cultura e de oportunidades, quais as principais diferenças entre os dois países?
Eu não noto uma diferença enorme em termos culturais. No Reino Unido há festivais como em Portugal, há procura para música de alta qualidade e a estrutura de promoção e circuitos de bandas é praticamente igual. Sinto porém que existe muito mais competição no Reino Unido, numa escala maior, porque a população também é maior. O apoio dos média (rádio, imprensa etc) é muito mais acessivel em Portugal, e nesse sentido, Portugal está muito mais à frente, e muito mais aberto à ideia de passar músicas de artistas pouco conhecidos numa escala nacional.


7- Qual a origem do nome "Free"?
Quando decidi pôr os meus vídeos no YouTube, tive que inventar um nome para a conta. Eu sabia que o nome que iria escolher era o nome que iria colar, portanto decidi encontrar qualquer coisa que desse para pronunciar em todos os cantos do mundo, e com o qual me identificasse. 'Free' é uma palavra que aparece muitas vezes nas minhas músicas, e nos meus poemas e textos. É um conceito importante para mim, não sei porquê. Na altura não foi uma escolha muito consciente, mas agora estou muito contente por ter escolhido algo que significa muito para mim.


8- É conhecida por falar várias línguas. Porquê o interesse na lingua Grega?
Não sei! Adoro linguas, é verdade. Mas tenho uma paixão pela lingua Grega e consigo falar bem, ter conversas, ler e escrever um pouco. É uma lingua única, e quando vou para a Grécia, também me sinto em casa. É estranho. Comecei a aprender Grego no meu primeiro ano da faculdade, depois de aprender umas frases e palavras (e não, as primeiras não foram nada de palavrões!) e uma das minhas melhores amigas é Grega. Ironicamente, ela fala-me sempre em Inglês!


9- Que áreas culturais destaca em Portugal como as que se encontram em melhor posição? Se pudesse fazer algo para impulsionar a cultura, o que faria?
Honestamente, acho que Portugal tem uma cultura de gastronomia fascinante. A comida portuguesa é tao boa, e há tantas pessoas do estrangeiro que me têm dito o mesmo. Acho que é uma área cultural que continua a reinventar-se todos os anos. Os Portugueses também têm gostos diversos em termos de gastronomia. É optimo ter escolhas. Acho que a cultura da música ganha mais movimento na primavera e no verão, com as estações dos festivais, o ritmo das férias e a felicidade que trás o sol. Sinto que não posso comentar na cultura das artes por exemplo, porque não estou muito inserida nesse meio. Eu acho que para impulsionar áreas de cultura é preciso dar mais ênfase e destacar mais estas áreas no sistema escolar, por exemplo. Assim, nos olhos das crianças e geracões futuras, a importância da música, ou de arte ficará no mesmo nível que a ciência ou a economia.


10- Acha que Portugal dá o destaque suficiente a artistas nacionais que se encontrem no estrangeiro?
Acho que Portugal não perde o caminho dos artistas nacionais que se encontrem no estrangeiro de vista. É dificil destacar os artistas quando estão a viajar e a dar a volta ao mundo, porque é simplesmente dificil localizá-los em todos os cantos. Portanto, nem sempre há informaçáo 24 horas por dia sobre os novos acontecimentos. Eu sinto que Portugal me tem dado muita importância e tenho muito orgulho em ser Portuguesa.


11- Que conselho daria a quem pretende iniciar a sua vida profissional no estrangeiro?
Viver e trabalhar no estrangeiro é um desafio. A cultura é diferente, e há de ser ainda mais difícil adaptar quando não se fala decentemente a língua. É uma questão de saber quais os teus objectivos, as tuas razões e saber que nem sempre vai ser facil. Existem muitas saudades, às vezes solidão, mas como se costuma dizer, o que não mata, engorda!


3 comments:

  1. Gosto muito de algumas músicas da Ana Free :)

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  2. Parabéns pela entrevista. Continua a ser assim, assumidamente uma portuguesa simples e talentosa.

    Carlos Neves

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  3. Ela é, sem dúvida, um dos casos portugueses em que é bastante promissora... Mas acho que não apostam o suficiente nela. :s
    Enfim, opinião *
    t.care e continuem com as boas entrevistas. Sempre a surpreender!

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