Cultura Activa

Entrevistas a várias personalidades ligadas à cultura

Saturday, April 3, 2010

Mila Ferreira


Mila Ferreira é cantora, actriz, advogada e praticante de ballet. Já trabalhou na rádio e na televisão. Mila é uma pessoa apaixonada pela comunicação, pela justiça e pela dança, sendo que o seu lado sonhador se une a todas as suas "profissões" e hobbies, permitindo-lhe fazer tudo com o máximo empenho e enorme qualidade. Uma grande cantora e uma grande mulher em entrevista ao blog Cultura Activa.



1- Desde muito pequena que canta, que a música faz parte de si. De onde vem esse desejo em cantar e pela música em geral?
Sim, sempre fez parte da minha vida desde a infância. Sempre brinquei aos festivais e cantei para os professores e colegas de escola. Penso que é de família. Quer o meu pai, quer o meu avô eram músicos amadores.


2- Além da música sempre teve uma profunda ligação com o Ballet, a Advocacia e a representação? Como concilia esses três gostos/profissões com a vida de cantora? Qual prefere e porquê?
Tenho uma grande paixão por tudo o que faço. Pela dança, porque além de voar a alma, também voa o corpo, o que é maravilhoso. Pelas outras todas, onde incluo também a apresentação de programas, porque, como costumo dizer, sou sobretudo uma comunicadora e que adora o que faz. Comunico através da voz falada ou cantada, através da palavra quando defendo pretensões jurídicas e comunico através do corpo, no caso do ballet. Tenho uma grande paixão por tudo o que faço. Umas coisas por um motivo, outras por outro.


3- Como foi para si ser chamada para uma audição na Valentim de Carvalho? Tendo em conta que era ainda tão jovem.
Foi muito interessante, porque eu tinha muita coragem e escrevi uma carta, referindo que gostaria de dar continuidade à minha carreira como cantora, a qual já tinha iniciado com as “Alegres Comadres”. Fui chamada pelo meu querido amigo Nuno Rodrigues que me fez um casting e fiquei escolhida para integrar a Banda do Casaco. Por ser tão jovem, o Nuno e a mulher deram-me guarida na sua casa até ficarem concluídas as gravações.


4- Como vê o estado actual da música em Portugal? Considera que foi mais dificil para si, naquele tempo, ter sucesso na música do que é actualmente?
A música está a passar uma fase muito boa em termos de criatividade, mas uma fase muito má em termos de apoios.
Antigamente era mais fácil, tinha-se mais carinho, admiração e respeito pela arte, pelo talento e por tudo o que respirava cultura. Agora há uma grande clivagem, por um lado, aquilo que é muito erudito e que ainda tem algum apoio, por outro, toda a restante música e mete-se tudo no mesmo saco, e não se dá a visibilidade necessária aquilo que vai saindo e que é realmente bom.
Antigamente tinha-se sucesso mais facilmente, porque também se tinha mais visibilidade.
Por outro lado, o facto de não existir regulamentação que proteja as obras e os seus autores e que permita downloads ilegais, leva a que em breve a música deixe de ser produzida, porque não se vende. Um mundo sem música é sempre um mundo mais pobre e isso as pessoas ainda não têm consciência.


5- Fale-nos um pouco do programa da TVI "Queridos Inimigos". Como foi para si o tempo que lá passou? E o "Made In Portugal", da RTP?
No programa "Queridos Inimigos" foram meses, dias, horas maravilhosas. Trabalhei com pessoas muito queridas, muito talentosas e profissionais de quem fiquei profundamente amiga. Agradeço muito a grande oportunidade que tive e todos os dias de felicidade que me proporcionaram.
No "Made In Portugal" foram momentos mágicos em que fiz, com toda a entrega e dedicação, aquilo que tanto amo: comunicar. Éramos uma equipa muito boa, harmoniosa e muito profissional!


6- De todos os sítios onde actuou, quais os que guarda mais carinho e porquê?
De todos por onde passei. Cada local tem uma história, uma magia própria. Adorei humanamente todas as experiências. Poderia cantar com mais ou menos condições, mas a verdade é que guardo grandes recordações das relações humanas que estabeleci. São momentos maravilhosos em que acabamos por receber sempre muito mais do que aquilo que damos. Embora tenha gostado de actuar em todos os locais, guardo com muito carinho as minhas actuações em Caldas da Rainha (a minha segunda terra).


7- Fale-nos de um momento pessoal e outro profissional que a tenham marcado em especial.

Pessoal, conhecer o meu marido.

Profissionalmente são tantas que é difícil escolher. De qualquer modo, sou da opinião que o melhor ainda está para vir, sobretudo porque ainda não lhes conheço o sabor. Gosto de saborear todos os momentos, doce e suavemente, para os reter durante muito mais tempo no meu interior.


8- Fale-nos um pouco dos seus gostos pessoais a nível musical, cinema, literário, artes, etc.
Sou muito ecléctica. Na música gosto desde ópera (que canto), a pop, rock, enfim toda a música o que me faça sentir viva e me transmita boas sensações. Ao nível do cinema gosto do cinema americano, quanto ao drama e depois gosto de um cinema menos comercial, nomeadamente do cinema francês e do espanhol. Gosto de um cinema com menos efeitos especiais e com mais mensagem. Ao nível da literatura, gosto de poesia, romance, mas, sobretudo, de livros documento, seja biográfico seja histórico.


9- Qual a sua opinião sobre o estado actual da cultura em Portugal? Que áreas destaca? O que deveria mudar?
Quanto a cultura, estamos um pouco mal. Ainda não tomámos consciência de que a alma também precisa ser alimentada e que sem cultura as pessoas murcham interiormente. Devia mudar-se, sobretudo, a visão acerca da importância que lhe é dada e, em atenção a essa importância, dar-lhe todo o apoio que a cultura merece.


10 -A sua carreira musical é plena de sucessos. Que momento é que destaca como tendo sido o mais satisfatório da sua carreira musical?

A fase em gravei o meu primeiro disco, foi uma sensação muito bonita. E depois sempre que edito um novo disco. Quanto ao “Vem Voar”, fiquei muito feliz porque acho que consegui um pouco daquilo que pretendia: tocar o coração das pessoas nem que seja só um pouquinho.



11- É um exemplo de uma pessoa multifacetada e com sucesso em diversas áreas. Que conselho/os daria a quem pretende ter sucesso profissional, seja na música, escola ou outro projecto?

Sou uma pessoa de facto bastante polivalente. Quanto ao sucesso, agradeço as suas palavras. O meu conselho é que as pessoas corram atrás do seu sonho e daquilo que verdadeiramente gostam de fazer. Também digo que devem ter alguma precaução e que não devem ter ilusões, pois, a arte em particular, é uma actividade cíclica e isso acaba por ter reflexos do ponto de vista emocional. Actualmente também não é uma actividade tão compensadora como à partida as pessoas que estão de fora possam pensar. Se gostam realmente do que fazem devem estar dispostas a viver as alegrias, mas, também preparar-se para os momentos mais difíceis e duros.




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