Pedro Soares é licenciado em Arquitectura, apesar de não exercer. É Presidente da Associação juvenil e cultural Experimentáculo, responsável pela maior parte dos eventos musicais na cidade de Setúbal. Faz parte da produtora de audiovisuais Low Cost Filmes, onde é produtor. Além disto é também colaborador do Setúbal na Rede, da Rua de Baixo e da Take.
Este "jovem" de 27 anos tem sido o responsável pela recente revolução cultural em Setúbal, que tanto de bem lhe trouxe.
1- Licenciou-se em Arquitectura, porém não exerce essa profissão. De onde surgiu o desejo em seguir Arquitectura e porque razão não exerce hoje em dia?
Na altura, pareceu uma boa ideia. Quer dizer, hoje ainda parece, foi uma boa ideia, de facto, mas talvez a arquitectura que encontrei cá fora não fosse a que estava à espera, a muitos níveis. No entanto, é uma área que me desperta grande interesse e, apesar de não estar a exercer actualmente -por várias contingências da vida -, não quer dizer que não faça parte do meu dia-a-dia.
2- É presidente de uma das mais importantes associações culturais de Setúbal, a Experimentáculo. Foi também fundador dessa associação. Quais são os principais objectivos da associação e porque razão decidiu cria-la?
A Experimentáculo é uma associação cultural que pretende dinamizar e estimular a cultura na cidade, especialmente nas áreas da música e do cinema. A associação nasceu do encontro das vontades e interesses comuns de um grupo de amigos que, insatisfeitos com o cenário da cultura que viam em
Setúbal na altura, se mostraram disponíveis para fazerem qualquer coisa. E essa coisa acabou por se chamar Experimentáculo.
3- Agora, alguns anos depois, tem tido o reconhecimento que esperava?
Não sei, é uma pergunta difícil de responder. Pessoalmente, acho que sim, especialmente no passado mais recente, uma vez que temos recebido algum
feedback positivo que nos deixa muito orgulhosos. No entanto, para quem está de fora torna-se mais fácil responder a essa pergunta, acho eu.
4- Como é para si organizar um concerto, ou outro evento? Como era o seu estado de espírito no dia em que realizou o seu primeiro evento e como é actualmente?
Tenho que admitir que hoje já não é como nos primeiros tempos. Com a experiência adquirida há muita coisa que fui melhorando e percebendo como funcionava de forma a resolver os problemas por antecipação. Mas continua sempre a haver aquele stress e a ansiedade, porque são situações em que surgem sempre os problemas mais inesperados. Organizar um concerto, por exemplo, está sujeito aquela lei de Murphy que diz que se algo pode correr
mal, vai correr. No entanto, o resultado final é sempre estimulante e excitante e, no final, o sentimento de dever cumprido continua a saber bem.
5- É produtor da Low Cost Filmes, produtora de audiovisuais sediada em Setúbal. Em que consiste este projecto?
A Low Cost Filmes é uma produtora de audiovisuais que oferece serviços vídeo em qualquer área que seja necessário uma câmara de vídeo: publicidade, institucionais, telediscos... Claro que também nos dedicamos às curtas-metragens e aos documentários, mas só fazer filmes não paga a luz e a água. Por isso, uns conciliam os outros e vice-versa.
6- A Low Cost Filmes foi recentemente premiada pelo videoclip "Realizador", de Monstro Mau. O júri era composto por importantes figuras do cinema, tais como Mário Augusto e Luísa Sequeira. Como foi para si receber este prémio? Foi um trabalho difícil de produzir?
O "Realizador" foi um projecto muito giro e rápido de se fazer. Nasceu quase por acaso, enquanto montávamos outro teledisco, depois de termos visto o anúncio do concurso. Juntámos a equipa, arranjámos o espaço e filmámos num dia. É um vídeo em que três dançarinas executam várias cenas de dança memoráveis da cultura popular. O mais giro é que nunca lhes vemos as caras, apenas os pés. Claro que foi uma grande honra receber este prémio, até porque o júri era composto por gente com créditos firmados.
7- Trabalha também na área da comunicação social. De onde surgiu esse seu interesse?
Surgiu de forma muito natural. Sempre gostei bastante de escrever e, há algum tempo, quando surgiu a oportunidade de colaborar com o portal cultural Rua de Baixo, acabei por aceitar. Era uma forma de me obrigar a escrever e de arranjar tempo para o fazer. Depois as coisas foram surgindo e fui colaborando com outros sítios, outras revistas e outros jornais.
8- Fale-nos um pouco dos seus gostos pessoais, nomeadamente no cinema, música, literatura, etc.
Esta pergunta pode ser respondida com um copy-paste do meu perfil do hi5. Estou a brincar. Não gosto de nada.
9- Como vê o estado actual da cultura em Setúbal face a exemplos de outras cidades portuguesas?
Acredito que Setúbal (e qualquer cidade por este mundo fora) tem a cultura que merece. Já fui muito pessimista em relação à cultura em Setúbal, mas nós temos que perceber que não podemos querer ser iguais a Lisboa ou a Nova Iorque. É certo que, sendo uma capital de distrito, Setúbal devia ter um papel mais activo e de maior destaque cultural. Mas o facto de isso não acontecer vem de um passado longo e de muitas condicionantes. Acho que isto dava matéria para um mestrado muito interessante.
Resumindo e baralhando: acho que a cultura setubalense não é tão má como a maioria das pessoas a pinta. Podia ser melhor? Claro que sim! E acho que a cidade está no bom caminho, com bons projectos em carteira, gente estimulante e empreendedora. Vamos lá ver é se não ficam todos a meio
caminho...
10- Como vê o actual estado da cultura em Portugal? O que faria para o impulsionar?
A cultura em Portugal acaba por reflectir o estado do país. Uma cultura de periferia, que sobrevive à custa de muito esforço e suor e que não tem uma verdadeira estratégia definida. O que faria para a impulsionar? Hmm... aconselhava-a a emigrar.
11- Que áreas culturais destaca em Portugal?
Como em todas as áreas, Portugal tem grandes representantes em todas as áreas da cultura. E isso é comprovado pelo reconhecimento que muitos deles recebem por esse mundo fora. O Siza, o Saramago, o Pedro Costa, a Paula Rego.. Por isso, acho que não consigo destacar nenhuma em especial. Só acho que nos continua a faltar um sucessor à altura do mítico Tarzan Taborda para nos representar condignamente no mundo da luta-livre profissional.
12- Como se vê daqui a 10 anos?
Ten years older and ten years wiser.
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