Cultura Activa

Entrevistas a várias personalidades ligadas à cultura

Thursday, May 6, 2010

Jorge Moniz


Jorge Moniz domina desde o piano à bateria. É um músico com uma vasta formação nas melhores escolas de música do país. Actualmente está ligado ao ensino musical e ao seu Quarteto musical.Em 2005 estava num projecto que recebeu o prémio de melhor disco jazz português do ano.Um músico com grande formação e vontade de deixar o seu legado aos estudantes.


1- Iniciou o contacto com a música desde muito cedo. De onde veio esse gosto pela música? E porquê o piano?
Sim, desde muito cedo. O piano e a bateria andaram sempre em simultâneo. Entrei para a Academia de Amadores de Música para piano ao mesmo tempo que entrei para o Hot Clube para bateria. Antes tinha tido várias bandas de garagem como baterista.


2- Passou pelo Conservatório Nacional, Hot Club, Academia de Amadores de Música de Lisboa, na Escola Superior de Música e na Universidade Nova de Lisboa. Descreva-nos um pouco da sua passagem por cada um destes locais, e o que cada um deles o ajudou a complementar-se como músico e pessoa.
Todos esses locais serviram para me construir como músico. Na Academia e no Conservatório estudei piano com a professora Carla Seixas e bateria no Hot Clube com André Sousa Machado. Na Escola Supeior fiz o curso de Composição e na Universidade Nova o mestrado em Etnomusiclogia. Penso que todas estas abordagens se complementam e acho que isso se percebe no CD Deambulações.


3- Possui uma vasta formação musical que vai do piano à bateria. Qual é para si a importância da música na vida das pessoas no geral? E na sua vida?
A música faz parte do quotidiano de toda a gente. É impossível fazer o que quer que seja sem ter a música ao lado, independentemente do objectivo com está presente. No meu caso utilizo a música em duas perspectivas, uma profissional e outra lúdica. Uma tem implicações na outra e vice-versa. Nem sempre é fácil usufruir a música sem ter que pensar e teorizar sobre o que estou a ouvir.


4- Está ligado ao ensino musical. Como tem sido para si essa experiência?
Já é uma experiência com alguns anos, cerca de 12. Tem sido gratificante porque tenho acompanhado o percurso de vários alunos e é bom ver a forma como evoluem e tentar perceber até onde chegam. Através das suas dificuldades também aprendemos bastante, inclusive a perceber as nossas próprias limitações e obstáculos ao fazer música.


5- Como foi para si a sua participação no programa da RTP "Ouvir e Falar"?
Foi uma experiência única porque tive o privilégio de poder participar no programa com grandes músicos como o Nuno Ferreira e o Nelson Cascais, na altura ainda estudantes (éramos da mesma turma no Hot), e por ter contactado com uma referência para o jazz em Portugal como o foi Luiz Villas-Boas.


6- Em 2005 o cd do projecto onde estava inserido, "Estranha Natureza", ganhou o prémio de melhor disco jazz português. Esperava esse reconhecimento? Como viveu esse momento de consagração?
Não esperava nem deixava de esperar. Fi-lo de uma forma espontânea e sem pensar muito na crítica. Foi gratificante ver o trabalho reconhecido e foi muito bom para o meu grande amigo Hugo Alves, merecedor, sem dúvida, desse reconhecimento.


7- Ao longo da sua carreira musical tem cruzado vários estilos musicais. Qual é para si a melhor definição de "música", e qual o seu estilo musical preferido?
Sinceramente não tenho definição para música nem tenho estilo musical preferido. Ouço muito pop. Acho que o resultado é o cruzamento de tudo o que ouvimos e experimentamos. É uma mistura natural, acho.


8- Como vê a actual situação cultural do país? Que áreas destaca? E o que deverá ser feito para impulsionar essa mesma cultura?
Penso que estamos a viver a consequência da crise financeira que atravessamos. A cultura nestas situações é o primeiro alvo a abater e isso tem-se reflectido na escassez de espectáculos em alguns estilos de música, teatro, cinema, etc.


9- Fale-nos um pouco dos seus gostos culturais, nomeadamente na literatura, cinema, música, etc
Gosto muito de cinema e destaco dois realizadores: Woody Allen e Roman Polanski, Este último, autor do meu filme favorito (Por Favor Não Me Morda o Pescoço). Não aprofundo muito a literatura. Na música tenho que referir a minhas duas bandas de eleição, os Divine Comedy e os American Music Club e os seus dois líderes, ambos excelentes e talentosos compositores e escritores de canções: Neil Hannon e Mark Eitzel, respectivamente.


10- Que conselho daria a quem pretende iniciar os estudos na música? E a quem pretende iniciar a sua carreira?
Ir para uma boa escola. A música é uma actividade que exige muito esforço e persistência. Muitas vezes as pessoas não têm essa noção e desmotivam-se.




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