Inês Santos foi a grande vencedora do Chuva de Estrelas em 1995, com apenas 15 anos. Desde aí que tem somado vitórias e sucessos à sua pequena, mas ilustre carreira. Lançou 2 discos, trabalhou com Filipe La Féria em "A Canção de Lisboa", colaborou com diversos artistas, entre os quais Olavo Bilac, José Cid, entre muitos outros. Esteve também no Canadá a participar numa Ópera, o qual lhe garantiu uma nomeação para um Dora Award, categoria de melhor performance numa Ópera.
Inês transmitiu-nos em palavras aquilo que também é no palco: uma rapariga humilde e cheia de talento.
1- Com apenas 15 anos ganhou o programa "Chuva de Estrelas". Como se sentiu na altura e como vê agora essa sua participação?
Na altura o Chuva de Estrelas era um programa muito visto. Os canais privados estavam a começar a aparecer e uma surgia uma nova forma de fazer televisão. A novidade fazia com que os programas tivessem muito sucesso e visibilidade, contudo eu sempre encarei o gosto pela música e o desejo de seguir o canto como profissão de uma forma muito natural, para mim era não só uma diversão e uma nova experiência como uma forma de me mostrar. Hoje em dia, quando olho para trás, vejo que os meus concorrentes eram muito bons, que ganhei por toda a atitude e paixão mostrada, mas que hoje em dia tenho muito mais experiência e qualidade do que na altura.
2- Está desde muito cedo ligada à música. De onde vem essa paixão?
Muita gente na família gosta de cantar, o meu pai e o meu avô cantaram em coros e do lado da minha mãe todos cantam, mas nenhum de forma séria e profissional.
Tinha 3 anos e já dizia que queria ser cantora! É inexplicável.
3- Desde muito jovem que teve contacto com pessoas muito importantes da música nacional. Qual foi para si o trabalho/projecto que lhe deu mais prazer participar? Com quem gostou mais de trabalhar?
É difícil responder apenas uma coisa. Para mim todas as experiências têm muito valor, porque aprendo sempre coisas novas, sobre mim e sobre a área, mas também conheço pessoas novas. No campo pessoal adorei trabalhar com o Fernando Mendes, o José Raposo, a Maria João Abreu, o Herman José e o maestro Pedro Duarte ...muita gente. A nível profissional "A canção de Lisboa" e a Ópera que protagonizei no Canadá foi onde mais cresci.
4- Participou na peça "A canção de Lisboa" de Filipe La Féria. Como foi para si trabalhar com um dos nomes mais importantes do teatro em Portugal?
Foi uma autêntica loucura! Aprende-se e trabalha-se muito. O La Féria é um mestre a encenar e a chegar onde quer com os recursos humanos e logísticos que tem. Foi também a minha estreia como actriz...foi ele que viu em mim essa capacidade.
5- Esteve no Canadá a participar numa ópera sobre Pedro e Inês. Como foi para si essa participação?
Maravilhosa! Senti um enorme orgulho em representar Portugal, em levar um pouco da história do nosso país, da minha cidade natal e da quinta das lágrimas, onde brinquei muito quando era mais nova.
Trabalhei muito para superar dificuldades e no fim, inesperadamente, fui nomeada para um Dora Award na categoria de melhor performance numa ópera. (um prémio importantíssimo de Performing Arts)
Fiquei mesmo bastante satisfeita!
6- De todos os sitios onde já cantou, quais os que destaca tanto pelo nível cultural como pela recepção?
O musikcentrum Wredenburg em Utrecht, onde cantei Fado, pelo respeito e curiosade dos holandeses, e o Brasil, sempre que canto lá sou muito bem recebida e acarinhada. Acho que o Fado lhes toca de maneira especial e quando canto lá procuro cantar Fado.Também adorei, pela experiência pessoal, cantar em Birmingham na Eurovisão em 1998.
7- Para si o que mudou com a idade? A nível pessoal e profissional.
Hoje em dia sou muito mais dedicada ao trabalho. Trabalho com mais seriedade, com mais cuidado, tento absorver mais de cada experiência. A nível pessoal sofro menos com a incerteza característica da nossa profissão. Sei que quando respeitamos a profissão e fazemos o nosso melhor o trabalho acaba por vir sempre....
8- Como vê actualmente o estado da cultura em Portugal? E face a exemplos estrangeiros?
Muita falta de investimento em educar as crianças e os Portugueses em geral. Hoje em dia procura-se a facturação imediata.
Também me indigna quem escolhe estas profissões só pela visibilidade e fama que daí pode advir.
De resto prefiro não opinar.
9- O que destaca nas diversas áreas culturais em Portugal? O que faria para impulsionar a cultura?
Criaria incentivos para jovens artistas e projectos de menos visibilidade, mas que também devem ter o seu lugar.
Só com a diversidade podemos construir uma personalidade rica. Senão seremos apenas cópias uns dos outros.
10- Fale-nos um pouco dos seus gostos pessoais, nomeadamente na música, cinema, literatura, etc...
Adoro Viajar! Acho que para mim isso é o mais importante. Interesso-me por vários assuntos e muitas vezes até aos assuntos que não me interessam dou o beníficio da dúvida, porque acredito que me posso surpreender e porque o conhecimento não ocupa lugar. No entanto, pouco me interesso sobre política, futebol e economia, mas creio que me mantenho mais ou menos a par...
Adoro música desde world music a Monserrat Caballé (que adorava conhecer), gosto de artes plásticas , geografia, sempre que posso vou ao cinema, mas não gosto de coisas demasiado intelectuais, gosto de saber sobre diferentes etnias e costumes .
Adoro livros auto-biográficos e sobre direitos humanos e romances fantasiosos....Gosto de comer muito e de não fazer nada...
11- Destaque um momento importante da sua infância.
Tenho vários, muitas viagens, muitas brincadeiras, muitas actividades. Tenho 3 irmãos. Pelo significado afectivo talvez o dia em que com 3 anos inspirei o meu avô materno a escrever um poema sobre mim em que dizia que eu cantava e dançava junto a ele e que um dia iria ser a alegria da família.
12- Que conselho daria a quem quer seguir o mundo da música?
Se o deseja por paixão, por vocação, lute, procure, arrisque, crie condições..por exemplo eu crio e vendo os meus espectáculos.
Aconselhá-lo-ia a ir à luta com verdade!
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